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𝐀𝐩𝐨𝐥𝐥𝐨

Eu mal dormi, preso em um ciclo de ansiedade que parecia corroer cada parte de mim

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Eu mal dormi, preso em um ciclo de ansiedade que parecia corroer cada parte de mim. Queria ver a Léo, saber como ela estava, mas o medo de que ela continuasse a me afastar era um peso enorme. De manhã, eu, Neo e Tavin saímos em silêncio, cada um imerso em suas preocupações. A estrada parecia interminável, e cada segundo aumentava a tensão no carro.

Na clínica, Neo foi direto resolver a parte burocrática enquanto Tavin e eu esperávamos, o que só aumentava minha agonia. Logo, nos chamaram para a sala da diretora, onde ela nos olhou com seriedade antes de começar a falar.

— A Leonor acabou de sair de uma tentativa de suicídio. — Suas palavras pareciam carregar toneladas, e o peso delas caiu sobre nós. — Ela recebeu um diagnóstico de bipolaridade, que é tratável, mas não curável. Vocês terão que ser pacientes e apoiá-la, mas sem sobrecarregá-la.

Neo parecia absorver cada palavra, como se quisesse se preparar para suportar essa carga sozinho. Ele estava tenso, com o olhar firme, mas a dor e a culpa estavam claras em seu rosto. Tavin, ao lado, estava inquieto, ansioso para ver a Léo, e eu… eu só queria acreditar que poderia realmente ajudá-la.

— E quanto às crises? — perguntei, tentando esconder minha própria insegurança. Eu precisava saber se ela teria que enfrentar esses momentos para sempre. Pensar nisso era sufocante.

A diretora olhou para mim, com um olhar firme, mas compreensivo.

— As crises não vão parar. A bipolaridade é uma condição tratável, mas ela precisará de estabilizadores de humor e antipsicóticos todos os dias para manter a estabilidade.

Eu me senti esmagado por essa realidade. Mesmo com medicação, ela teria altos e baixos, e, por mais que eu quisesse protegê-la, essa era uma luta interna que só ela poderia enfrentar. O pensamento me atormentava, porque eu só queria a Léo de volta, aquela que ria das minhas piadas, que se perdia nas composições, imersa em suas letras. Mas agora, eu tinha medo do que iria encontrar.

Seguimos pelo corredor até o quarto dela. O silêncio era quase ensurdecedor, e o lugar absurdamente branco parecia aumentar nossa tensão. E então, a vimos.

Léo estava ali, sentada, com um caderno nas mãos, escrevendo algo. Talvez uma música. Ela tinha ganhado mais peso e parecia um pouco mais saudável desde a última vez que a vi , e ver isso me deu um mínimo de esperança. Neo foi o primeiro a correr até ela, envolvendo-a num abraço apertado.

— Me desculpa… eu prometi que ficaria do seu lado o tempo todo, mas… eu não fiquei. Eu sou um idiota. — A voz dele estava embargada, como se ele estivesse segurando uma avalanche de culpa.

Ela o abraçou de volta, afagando suas costas, com um sorriso fraco que tentava trazer calma.

— Não faz isso, Neo… Não foi culpa sua. Eu teria feito isso de qualquer jeito, com você perto ou não.

Mil Versos -apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora