31

229 28 71
                                    

O dia seguinte foi um tormento silencioso

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O dia seguinte foi um tormento silencioso. A casa de Neo estava carregada de um peso que nem as paredes podiam segurar. O silêncio era quase opressor, uma ausência de palavras que preenchia todos os cantos. Tavin estava ali, mas parecia que sua alma havia ficado no hospital, enquanto Neo, com a expressão fechada, andava de um lado para o outro, tentando, de alguma forma, manter a calma. Eu sabia que ele estava tentando ser forte, mas, no fundo, era só uma fachada. A culpa, a dor, estavam estampadas no rosto dele, assim como em mim. A diferença era que ele conseguia esconder isso um pouco melhor.

Eu me sentia péssimo. Como se tivesse falhado. Eu devia ter visto que algo estava errado com Léo, deveria ter percebido os sinais, as mudanças. Ela me afastava, mas eu sempre achei que era só uma fase, que ela estava lidando com algo que passaria. Mas agora, vendo o que aconteceu, a culpa me corroía por dentro. Se eu tivesse feito algo diferente, talvez... talvez ela não tivesse chegado a esse ponto. Eu tentei me convencer de que não sabia, de que não era culpa minha, mas não conseguia. Não conseguia tirar da cabeça a imagem dela, sozinha, se ferindo, sentindo-se perdida.

Neo estava sentado na mesa da cozinha, com os olhos fixos na parede à sua frente, e depois de tanto tempo tentando ser forte pela gente , ele desabou , chorou um choro de desespero que ecoava por toda a casa, eu queria consola-lo , mas oque diria ?, não tinha nada que eu falasse que pudesse ajudar , então continuei na minha .

Tavin estava no sofá, os olhos perdidos, como se procurasse algo que não encontrava. Eu tentei puxar conversa, mas as palavras falhavam. O que eu ia dizer? Como justificar o que aconteceu? Nenhum de nós tinha uma resposta, apenas uma dor dilacerante que parecia aumentar a cada segundo.

Foi aí que a porta se abriu e Kakau e Jota chegaram. Os dois vinham de uma viagem, mas, ao entrarem, imediatamente perceberam que algo estava muito errado. Kakau, com o sorriso sempre animado, viu o clima pesado e, de repente, seu sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão de preocupação.

— O que aconteceu? — ela perguntou, quase temendo a resposta.

Neo se levantou, a voz vacilante, mas firme, e, em detalhes dolorosos, contou tudo o que aconteceu. Como Léo estava, o que ela tinha feito, o que a médica disse. As palavras eram duras e, a cada segundo que passava, o peso da situação se tornava mais insuportável.

Kakau ficou em silêncio por um momento, antes de se desabar em lágrimas. Jota, ao seu lado, estava tão abalado quanto ela, mas tentou manter a postura, tentando ser forte para Kakau. Mas a verdade era que os dois estavam destruídos. Eu podia ver isso nos olhos deles, na maneira como o corpo de Jota tremia enquanto Kakau se encolhia no abraço dele.

Tavin não teve força para ficar calado. Ele se levantou e foi até Jota, colocando a mão no ombro dele, tentando se manter firme, mesmo que visivelmente devastado. A cena era de um desespero coletivo. Todos ali estavam quebrados, cada um lidando com a dor de maneira diferente, mas a dor estava ali, compartilhada, silenciosa e esmagadora.

Mil Versos -apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora