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Aquela manhã tinha sido uma das piores que eu já havia enfrentado em tempos. Havia semanas que os pesadelos sobre o que eu passei tinham dado uma trégua. Mas, ao ver aquela mensagem hoje cedo, foi como se tudo voltasse com uma força sufocante. Senti as mãos dele percorrendo meu corpo novamente, o desespero e a impotência voltando em ondas. A sensação de que ele poderia fazer o que quisesse e eu estaria completamente indefesa era aterrorizante. Tive ao menos três crises de choro antes que o calmante finalmente fizesse efeito. Depois disso, tudo se apagou. Só voltei a mim quando acordei.

Ao abrir os olhos, um peso imenso estava sobre meus ombros, enquanto o quarto se estendia em sombras ao meu redor. Apenas uma luz fraca, de uma tela de celular, iluminava o canto do quarto. Quando foquei melhor a visão, vi Apollo sentado no chão, encostado na parede, afastado, mas de frente para a minha cama.

Me espreguiço e me sento, esfregando os olhos. — O que cê tá fazendo aí?

Assim que começo a falar, ele levanta o olhar na mesma hora.

— Você apagou, aí te coloquei na cama, mas não sabia como reagiria se acordasse comigo do seu lado. Também não queria te deixar sozinha, então fiquei por aqui — ele explica, com um sorriso leve nos lábios, mas o olhar dele carrega uma preocupação que quase me desmonta.

Assinto, tentando soar casual. — Que horas são?

— 19:30. — Ele apaga a tela do celular.

A última vez que olhei a hora naquela manhã era 6:30. O calmante demorou uns 30 minutos pra fazer efeito, então, dormi por 13 horas. E Apollo... ficou ali, sentado no chão, só esperando eu acordar.

Quando olho pra ele, vejo que seus olhos estão presos no meu rosto, atentos, como se tentasse ler cada detalhe, entender como estou de verdade.

— Eu tô bem. — Digo, me levantando da cama.

Ele me observa, a seriedade na voz clara. — Leo, você pode ser sincera comigo. Não quero saber só das partes boas.

— Ué, tô sendo sincera — rebato, me apoiando na janela e mirando o céu lá fora.

Ele desvia o olhar, frustrado. — Toda vez que avanço um pouco, você ergue uma barreira maior.

Eu sabia que ele tinha razão. E era exatamente o que eu estava fazendo agora. Mas algumas partes da minha vida eram tão dolorosas que só lembrar delas já me fazia reviver tudo aquilo de novo.

— É como eu sou — murmuro, ainda olhando pela janela.

— Mas não precisa ser assim o tempo todo... não comigo. — A frustração na voz dele me faz hesitar por um segundo.

Apollo tinha sido incrível comigo. Eu surtei, e ele ainda estava aqui, tentando entender, tentando me ajudar. Mas eu não fazia ideia do porquê. Não estava acostumada com pessoas que simplesmente ficavam, sem esperar algo ruim em troca.

Mil Versos -apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora