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Já fazia um mês desde que a Léo conheceu meus pais, e eu não podia estar mais feliz com a minha vida no momento

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Já fazia um mês desde que a Léo conheceu meus pais, e eu não podia estar mais feliz com a minha vida no momento. Minha música "Bagagem" tinha simplesmente estourado em tudo quanto é lugar, e eu vivia fazendo shows. E lá estava a Léo em todos, na primeira fila, gritando por mim com um sorriso que fazia meu coração bater mais forte. Eu nunca tinha amado ninguém de verdade, mas aí veio a Léo e bagunçou tudo – e eu nunca agradeci tanto por algo na vida.

Neo quase não parava mais em São Paulo. Com o contrato dele com a Manstrite, ele vivia no Rio, produzindo música sem parar. Ele até contou que tinha conhecido uma garota por lá, estavam saindo juntos. Disse que não era nada sério, mas dava pra ver que ele tava animado, e fiquei feliz por ele. Jota e Kakau tinham viajado pra comemorar os quatro anos de namoro, então, de certa forma, eu estava praticamente morando com a Léo. A gente dormia e acordava junto todo dia, escrevia música junto, limpava a casa, ia pras batalhas... eu achei que fosse enjoar, mas, por incrível que pareça, eu adorava essa nova fase.

Eu sabia que a Léo se sentia meio sozinha sem o Neo por perto, então todo fim de semana a gente ia pra casa dos meus pais. Ela e minha mãe se davam tão bem que, às vezes, eu chegava em casa e recebia fotos das duas saindo juntas, sem mim! Incrível, né? Eu até ficava um pouco enciumado, mas, ao mesmo tempo, aquilo deixava meu coração mais tranquilo. Eram as duas mulheres mais importantes da minha vida, e saber que elas se entendiam tão bem me fazia sorrir.

Tudo parecia perfeito… até a semana seguinte.

Foi aí que comecei a notar mudanças na Léo. Ela oscilava entre fases em que parecia iluminada, cheia de energia, e outras em que o brilho sumia. Nas semanas agitadas, ela me enchia de declarações. Era como se o amor dela me transbordasse; me olhava com aquela intensidade que parecia me prometer o mundo. Ela escrevia músicas sem parar, como se cada letra fluísse direto do coração para o papel. Era inspirador, quase como se ela estivesse em um nível de criação inalcançável, com uma paixão e energia que me deixavam admirado. A gente passava horas juntos e parecia que nunca era o bastante – perdi as contas de quantas vezes seguidas transavamos , quando ela tava assim , e porra era tão bom ..como se houvesse uma urgência na nossa conexão. Eu olhava pra ela e pensava que a Léo podia conquistar o mundo.

Mas, então, vinham os dias de vazio. E era como se o sol tivesse sumido.

De repente, ela se afastava. A energia sumia, as palavras que antes eram constantes em músicas e declarações desapareciam, e, no lugar, ficava um silêncio que me preocupava. Ela passava horas quieta, olhando pro nada, sem ânimo nem pra sair da cama. Eu tentava puxar assunto, tentava motivá-la, mas a Léo se fechava. Ela mal conseguia se concentrar, nem em mim, nem na música que tanto amava. Às vezes, eu a pegava encarando o teto com um olhar perdido, como se ela estivesse em outro lugar, num mundo ao qual eu não conseguia acessar.

Era difícil, porque eu não entendia o que estava acontecendo. Não parecia que ela estava brava comigo, ou com alguém. Era como se tivesse algo ali, invisível, pesando nos ombros dela, drenando a energia que antes era tão abundante. Eu tentava estar ao lado dela, mas parecia que nada que eu fizesse alcançava realmente o que ela estava sentindo. A alegria dela desaparecia, e eu ficava ali, impotente, sem saber como trazê-la de volta.

Mil Versos -apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora