Pov: s/n
Olho pra Billie enquanto ela termina de arrumar a bolsa para o trabalho, e um nó se forma no meu estômago. Ainda não consigo tirar da cabeça o tiro de raspão e a expressão de dor que ela fez quando entrou ontem, mesmo tentando disfarçar.
Ela se aproxima da porta, e eu, sem pensar, seguro seu braço levemente.
- Billie... - minha voz sai quase num sussurro. - Tem certeza que precisa ir? Não sei... depois de tudo que aconteceu, eu tô preocupada.
Ela me olha por um instante, seus olhos profundos, mas o cansaço evidente na expressão.
- S/n, eu entendo sua preocupação, de verdade. Mas eu preciso ir. Eles precisam de mim lá. Eu preciso resolver isso, descobrir quem está por trás de tudo.
Engulo em seco, tentando não demonstrar o medo que corre pelo meu corpo. Parte de mim queria ser mais racional, mas a ideia de vê-la machucada novamente é demais.
- E se acontecer de novo, Billie? Acontecer o mesmo que aconteceu quando você levou um tiro no peito? Não sei se vou aguentar mais uma vez... - deixo escapar, meu tom carregado de apreensão. Ela suspira, e vejo que está tentando manter a calma, mas, no fundo, também há uma sombra de dúvida nela.
- Eu tô tomando cuidado. Eu vou estar bem. Prometo. - Sua voz é firme, mas algo em mim não consegue se convencer totalmente.
- Promete mesmo? Billie, por favor, me escuta... Eu sei que você agora é policial e tal, mas esse tipo de coisa pode ficar ainda mais perigoso...
Ela toca meu rosto suavemente, seu olhar tenta me passar segurança, mas o aperto no peito não desaparece.
- Eu prometo, s/n. Vou fazer o meu melhor pra me proteger, tá? - diz, e vejo a determinação nos olhos dela, o que me faz quase acreditar.
- Ok... só... se cuida... - murmuro, tentando controlar o tremor na voz.
Ela sorri levemente e me dá um beijo rápido na testa.
- Eu volto logo. E não vou deixar nada de ruim acontecer.
Vejo Billie sair pela porta e fechar atrás de si, o som da chave girando no trinco ecoa na sala, trazendo uma sensação de vazio e inquietação. Ela tentou ao máximo me convencer que estava no controle, que tudo ficaria bem. Mas eu a conheço; sei que ela também está preocupada, que sente o perigo na pele e tenta esconder isso para me proteger. A imagem dela se ferindo, sendo atacada... não consigo tirar da cabeça.
Respiro fundo, a ideia de ficar esperando pelas investigações parece insuportável. Elas poderiam levar dias, semanas, talvez até meses. E enquanto isso, quem está fazendo isso só vai se sentir mais seguro, cada vez mais impune. Olho em volta, tentando organizar os pensamentos, e então uma lembrança surge na minha mente, nítida e cortante: Vitória.
Minha respiração se acelera. Será que ela seria capaz de algo assim? Uma parte de mim hesita em acreditar, mas outra... conhece o rancor dela, sabe o quanto o passado a marcou. Ela me culpava por Nate, pela vida que ela perdeu. Desde que nos reencontramos, tudo parece desmoronar de novo. E agora, Billie está no meio disso mais do que nunca.
Será que Vitória seria mesmo capaz de machucar Billie para me atingir? Porque, afinal, não é Billie quem essa pessoa realmente quer. É a mim que ela procura. As mensagens, as ameaças, as fotos... tudo é pra me envolver, pra mexer comigo.
A tensão cresce em mim, e percebo que não posso mais ficar parada. Preciso descobrir a verdade antes que seja tarde demais.
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Um Brilho Por Trás do Bullying 2 - Billie Eilish & S/N
FanfictionDepois de sair da prisão, s/n enfrenta dilemas próprios com suas crises noturnas voltando ao último dia em que passou na escola com Billie Eilish, atormentada pelos eventos ocorridos naquele dia. Billie, por sua vez, já havia adiquirido auto confian...