Pov: s/n
Quase um ano havia se passado desde aquela noite, mas não teve um único dia em que eu não pensasse em Billie. Finneas, com aquele olhar duro, havia me dito que ela estava entre a vida e a morte e que, se eu tivesse o mínimo respeito por ela, o melhor seria me afastar. Mas como se afastar de alguém que foi tudo para mim? Desde então, nunca mais a vi. Nenhuma visita. Nem de Billie, nem de Finneas, nem mesmo dos meus pais.
Noites de pesadelos, surtos e gritos. Era sufocante. As imagens do meu irmão morto e de Billie Eilish sangrando na minha frente me atormentava quase que todas as noites.
Daqui a pouco faço 19 anos. Meu aniversário vai ser entre essas grades, o ambiente frio e impessoal me lembrando constantemente do que eu me tornei aos olhos de todos — uma assassina. E eu até aceitaria esse rótulo, se isso tivesse servido para trazer paz para ela. Mas, talvez, se eu pudesse apagar uma vela pequena em cima de um pedaço de bolo improvisado, eu pediria apenas para vê-la, para saber como ela está. Talvez ela já tenha me esquecido...
A noite chegou, o presídio foi silenciando aos poucos, mas minha mente continuava barulhenta. Minhas noites eram cheias de ansiedade, uma angústia que crescia até parecer insuportável. O último resquício de esperança era pensar que, um dia, talvez, eu poderia vê-la de novo. Essa ideia, porém, se apagava toda vez que eu lembrava do tempo que ainda tinha para cumprir.
Acordei com um guarda que chamou meu nome. Fui algemada e escoltada até uma sala de visitas. Quando a porta abriu, lá estava ela. Olhos azuis, profundos e marejados, um sorriso pequeno surgindo enquanto ela me observava. Parecia um sonho. Em segundos, ela já me envolvia num abraço, um toque tão diferente da frieza de tudo à minha volta. Eu me permiti afundar naquele momento, segurando a mão dela enquanto a ouvia.
— Eu vim te ajudar — disse ela, a voz cheia de emoção. — Depois de muita insistência, o Finneas concordou. Ele entendeu... finalmente.
— Eu... eu não sei se devo. — Minhas palavras saíram hesitantes. A última coisa que Finneas havia dito era para eu me manter longe.
— Não, você tem que sair daqui. E ficar comigo agora. — Ela apertava minha mão com força, como se tivesse certeza do que estava dizendo.
— Tá... — Senti as lágrimas deslizarem, sem palavras suficientes para expressar o que aquilo significava. Apenas me deixei levar.
Pov: Billie Eilish
Ela estava tão diferente. Magra, com o rosto cansado e abatido, os olhos carregados de uma tristeza profunda. Mas ainda eram os olhos de s/n, e eu sentia que, mesmo escondida, a verdadeira ela ainda estava ali, esperando por uma saída.
Eu nunca desistiria. Depois de tudo que ela fez por mim, eu não podia simplesmente ignorar. Eu precisava tirá-la dali. Finneas finalmente entendeu isso depois de ver o quanto eu me importava. Chorei, insisti, argumentei — até ele perceber que s/n era tão vítima quanto eu.
***
Meses depois, uma nova audiência foi marcada. Comigo ali, agora como testemunha a seu favor, contando toda a verdade sobre aquele dia, ela teve uma nova chance. Finneas contratou uma advogada incrível para o caso, alguém que estava determinada a fazer o possível para provar que tudo foi legítima defesa.
O veredito saiu: legítima defesa. Não havia mais pena. Não havia mais prisão. Ela estava livre, finalmente.
O alívio foi instantâneo, mas não pude deixar de notar Vitória, que estava ali, olhando para nós com desprezo. Ela parecia incrédula com a decisão, como se não conseguisse aceitar a liberdade de s/n. Mas nada daquilo importava.
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Um Brilho Por Trás do Bullying 2 - Billie Eilish & S/N
Fiksi PenggemarDepois de sair da prisão, s/n enfrenta dilemas próprios com suas crises noturnas voltando ao último dia em que passou na escola com Billie Eilish, atormentada pelos eventos ocorridos naquele dia. Billie, por sua vez, já havia adiquirido auto confian...