Capítulo 2: Recomeço

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Pov: s/n

A sensação de estar fora da prisão ainda parecia um sonho estranho, como se eu estivesse vendo minha vida de fora. E agora, parada na porta da casa de Billie e Finneas, tudo parecia tão diferente e ao mesmo tempo assustador. Minha mente ainda estava tentando aceitar que eu estava ali, livre, depois de tudo. Mas a ideia de não ter para onde ir, de não ter ninguém, ainda pesava. A ausência dos meus pais era uma sombra difícil de ignorar, doía em um lugar que eu tentava esconder.

Billie percebeu. Como sempre, ela parecia ler cada emoção que eu tentava disfarçar.

- Ei, não fica assim. - Ela colocou uma mão leve no meu ombro e deu um sorriso acolhedor. - Aqui é sua casa agora, s/n. Você está entre amigos.

- Isso mesmo, s/n. - Finneas completou, aparecendo ao lado dela com um olhar mais suave. - Eu... eu sei que não fui justo com você antes. Eu não estava pronto pra entender tudo o que tinha acontecido, e, na época, só pensei na segurança de Billie... Mas agora eu vejo o quanto errei.

As palavras dele me pegaram de surpresa. Havia um peso de sinceridade ali, algo que fez com que a mágoa que eu guardava de Finneas diminuísse um pouco.

- Tudo bem, Finneas. - Tentei sorrir, mesmo que uma parte de mim ainda estivesse relutante. - Eu entendo.

Ele suspirou aliviado, e um breve sorriso apareceu em seu rosto. Ele deu um tapinha no ombro de Billie antes de se afastar, nos deixando a sós.

- Tá bom, chega de conversinha. Agora vamos tirar essa roupa, né? - Billie lançou um olhar de brincadeira para Finneas e, rindo, me puxou pelo braço, me levando direto ao quarto.

Quando entramos, eu parei, surpresa. O quarto estava diferente do que eu lembrava, como se ela tivesse reorganizado tudo. Havia uma cama extra do outro lado do cômodo, próxima a uma mesa de estudos e com uma pilha de roupas limpas e dobradas.

- Eu separei umas roupas pra você, já que as minhas são um pouco diferentes. - Ela me deu um sorriso tímido, os olhos azuis brilhando. - Espero que goste.

Ela pegou uma camiseta da pilha e a mostrou com um sorriso, um pouco sem jeito.

- Vai lá tomar seu banho, tá? - disse Billie, ainda com aquele olhar caloroso que fazia meu peito aquecer. - Mas... - Ela fez uma pausa e sorriu, corando um pouco. - Se quiser, quando terminar, pode se vestir aqui no quarto. Vou querer ver como ficou.

Dei uma risadinha, e acho que ela percebeu o quanto aquele gesto significava pra mim. Desde o momento que ela tinha aparecido para me ajudar, as barreiras que eu havia construído para me proteger estavam começando a cair, uma por uma.

Entrei no banheiro e fechei a porta, deixando a água quente lavar cada parte do peso que eu carregava. A sensação era quase libertadora, como se cada gota tirasse um pedaço da dor, do medo e das memórias ruins. Mas, ao mesmo tempo, trouxe as lágrimas que eu havia prendido por tanto tempo, e o que era um banho se transformou num desabafo silencioso, um espaço seguro para eu chorar, aliviando cada parte de mim que estava machucada.

Quando terminei, voltei para o quarto e vesti as roupas que ela tinha deixado ali. Eram confortáveis, mas mais do que isso, me faziam sentir como eu mesma, como alguém que ainda tinha o direito de viver fora daquela cela. Eu não estava mais presa.

Billie me olhou assim que voltei, e seu sorriso se alargou de forma espontânea, como se cada detalhe fosse perfeito aos seus olhos.

- Uau... - ela disse, o rosto corando enquanto me analisava. - Você tá incrível.

A energia entre nós era diferente, uma conexão que parecia existir antes de qualquer palavra. Ela se aproximou e, num gesto carinhoso, segurou minha mão.

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