Capítulo 14: Drogas (Continuação)

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Pov: s/n

Acordei naquela manhã com barulhos logo cedo. Peguei o celular na cabeceira e vi que marcava 4:37. O sol nem tinha nascido ainda.

Ouvi passos rápidos no corredor. Saí do quarto e encontrei Billie andando de um lado para o outro, com a mão na barriga, suada e ofegante.

- O que você tem?! Tá passando mal?

Billie continuava andando sem responder, como se sua mente estivesse distante, ou como se estivesse lutando contra algo maior. Foi aí que percebi: ela estava tendo uma crise de abstinência.

- Eu... Eu preciso de algum remédio...

- Não. Você não pode, Billie. - Segurei seu rosto, tentando trazê-la de volta para mim. Ela deslizou pela parede até se sentar no chão, completamente derrotada.

- Tô com dor... Eu preciso.

- Você sabe por que tá sentindo isso. Se você tomar, nunca vai conseguir parar.

Ela inclinou a cabeça para trás, encarando o teto, como se estivesse pedindo ajuda para algo ou alguém.

- Quer um pouco de água? Pego pra você.

Ela acenou com a cabeça, sem conseguir falar. Corri para a cozinha e enchi um copo. No caminho de volta, ouvi Billie tossindo, como se estivesse prestes a vomitar. Quando cheguei, notei que ela estava no banheiro, parei e entrei lentamente.

Ela estava sentada no chão, o frasco do remédio vazio ao lado da pia.

- Não... - Sussurrei, incrédula.

Um nó apertou minha garganta enquanto eu tentava processar o que estava acontecendo. Nunca imaginei me deparar com algo assim.

Billie estava encostada na parede, as lágrimas escorrendo. Ela parecia pequena, frágil. Por alguns segundos, o sofrimento em seu rosto parecia diminuir, mas eu sabia que era apenas um alívio passageiro.

- Desculpa... - disse ela, em meio aos soluços.

Me ajoelhei ao lado dela, segurando sua mão.

- Billie... Você vai acabar se matando desse jeito.

- Eu sei... Mas eu não tava aguentando. Eu precisava de alguma coisa.

Ajeitei seus cabelos úmidos de suor enquanto tentava encontrar as palavras certas.

- Olha pra mim. - Sua cabeça virou devagar na minha direção. - A única coisa que você vai precisar sou eu. Eu vou estar aqui com você nesse processo, mas você tem que ser forte. Você já conseguiu antes. Consegue de novo.

- Eu sei... Só que, dessa vez, foi tão... tão radical.

- Radical?

- Eu nunca usei tanto. Não assim.

Respirei fundo, sentindo o peso da confissão dela. Imaginando se os próximos dias seriam difíceis.

- Você precisa pensar em você. No Finneas. Em mim. Eu faço parte da sua vida agora. Pense na sua carreira, Billie. Você precisa parar com isso.

- Por favor... Não conta nada pro Finneas. Ele... Ele vai ficar muito chateado.

- Então me promete. Promete que vai parar. - Minha voz tremia. - Eu não quero perder você, nem pra isso, nem pra nada.

Ela me abraçou, fraca, mas sincera.

- Vamos pra cama. Você precisa descansar. E... Acho que seria melhor não trabalhar amanhã.

- Eu não posso faltar tanto...

Suspirei, hesitante, mas sabia que precisava insistir. E sem querer falar o que eu ia falar, falei mesmo assim.

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