Capítulo 16: Sonho pro água abaixo

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Pov: s/n

Acordei de repente naquela noite, sufocada, como se o ar tivesse sido arrancado do quarto. Minhas vias respiratórias ardiam, e por um momento pensei que estava sonhando. Mas, ao abrir os olhos, percebi uma fina camada de fumaça entrando pelas frestas da porta.

- Billie! - Balancei o braço dela com urgência. Billie abriu os olhos devagar, confusa. - Algo está pegando fogo!

Ela se sentou num pulo, a expressão mudando do sono para o pânico em segundos. Vestimos as primeiras roupas que encontramos, as mãos trêmulas dificultando até tarefas simples.

Billie abriu a porta do quarto apenas o suficiente para espiar, e uma densa fumaça negra invadiu o ambiente, como se quisesse nos engolir.

- Fecha! - gritei, tossindo violentamente enquanto tentava abrir a janela para buscar algum alívio.

- Cadê os celulares?! - ela perguntou, a voz nitidamente trêmula.

- Na sala.

- Eu vou buscar. Espera aqui!

Antes que eu pudesse dizer algo, ela já estava saindo, fechando a porta atrás dela.

Cobri o rosto com uma toalha úmida, tentando controlar minha respiração enquanto lutava contra o desespero que subia. Mas não consegui esperar. Abri a porta para olhar e fui engolida por uma espessa cortina de fumaça que tornava impossível enxergar qualquer coisa.

- Billie! - chamei, o coração martelando no peito, mas minha voz soou abafada pelo crepitar do fogo ao longe.

Segundos depois, a silhueta dela surgiu no meio da fumaça, correndo em minha direção.

- O apartamento está pegando fogo! Precisamos sair agora! - ela disse, a mão segurando meu braço enquanto me empurrava de volta para o quarto.

Sem perder tempo, Billie pegou uma mochila grande e outra menor, enchendo-as rapidamente com roupas e alguns pertences essenciais.

Eu estava paralisada, incapaz de processar o que estava acontecendo. Nosso lar, nosso refúgio... tudo parecia estar desmoronando.

- Amor. - A voz dela suavizou por um segundo enquanto segurava meu rosto com firmeza. - A gente precisa sair daqui. Me ajuda, coloca suas coisas na outra mochila. Vamos, agora!

Seu tom decidido me tirou da inércia. Peguei a mochila menor e comecei a enchê-la com o que parecia essencial. Mas, no fundo, sabia que estávamos deixando boa parte de nossa vida para trás. Billie já tinha terminado quando eu fechei o zíper, e ela imediatamente segurou minha mão, me puxando para fora do quarto.

Descemos as escadas às pressas, ela cobrindo o rosto com uma camiseta, enquanto eu tossia incessantemente, sem nada para me proteger da fumaça. O calor era quase insuportável, e o som do alarme de incêndio misturado ao caos de vozes e estalos do fogo tornava tudo ainda mais angustiante.

Quando chegamos ao andar inferior, vimos que as coisas estavam tomadas pelas chamas. Billie parou abruptamente, seus olhos azuis varrendo o ambiente com desespero, buscando qualquer sinal de uma rota segura.

- Não tem saída... Tudo está pegando fogo! - eu disse, minha voz quase sumindo entre a tosse e o medo.

Ela me olhou, e por um segundo o pânico dela foi evidente. Era raro ver Billie assim: vulnerável. Mas, como sempre, ela rapidamente assumiu o controle.

- A janela do quarto! A gente vai ter que sair por lá!

Sem esperar, Billie me puxou de volta para o quarto. Corremos, desviando da chama que subia as escadas, e ela chega a janela, olhando para fora com urgência. A queda não parecia absurda, mas ainda era o suficiente para assustar qualquer pessoa.

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