Capítulo 12: Tiro silencioso

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Pov: Billie Eilish

Na manhã seguinte, antes de voltar ao trabalho, precisei passar em casa para tomar um banho rápido e pegar um uniforme limpo. A casa estava envolta em um silêncio denso. Ao subir as escadas e entrar no quarto, lá estava ela, ainda dormindo, alheia ao turbilhão que se passava dentro de mim. O peso da noite anterior ainda pairava no ar, e cada lembrança daquela discussão me trazia uma mistura de tristeza e desapontamento. Peguei uma roupa limpa e uma toalha, indo direto para o banheiro.

No chuveiro, a água quente escorria pelo meu corpo, mas não trazia o conforto esperado. Um nó doloroso tomava conta da minha garganta, e não conseguia afastar a lembrança de suas palavras, ecoando como uma ferida aberta. Eu esperava uma conversa madura, mas em vez disso, recebi gritos, ameaças, insinuações. "Você é minha, entendeu?", "Não sou capaz de responder por mim"... era como se eu estivesse ouvindo Nate outra vez. Suspirei profundamente, tentando afastar o peso dessas memórias. Enxuguei-me, vesti o uniforme e saí do banheiro.

Ao voltar para o quarto para pegar minha arma, vi que ela estava acordada, sentada na cama, me observando com um olhar que mesclava arrependimento e incerteza. Ela parecia hesitante, como se tentasse encontrar as palavras certas, mas sem saber como.

- Billie... - sua voz saiu num sussurro quase trêmulo, quebrando o silêncio entre nós.

Me virei, mantendo a expressão fechada. - O quê? - Respondi, minha voz fria.

Ela se levantou, vestindo uma das minhas camisas largas, e segurou o próprio braço, como se estivesse buscando coragem para continuar.

- Me desculpa por ontem... pela forma como agi. Eu... - hesitou, seus olhos buscando alguma faísca de compreensão em mim. - Eu não quero que você ache que sou igual ao Nate.

As palavras dela me atingiram. Nate poderia ter morrido, mas parecia que o fantasma dele ainda nos rondava, distorcendo até o que tínhamos de mais puro.

- Eu te desculpo sim, s/n. - Tentei manter a voz neutra, encerrando a conversa antes que o peso daquele momento se prolongasse. - Mas é difícil fingir que nada aconteceu, especialmente porque... eu sei que essa situação vai se repetir.

Vi seus ombros caírem, e um olhar de dor cruzou seu rosto. Ela sabia que eu estava falando a verdade, mas parecia incapaz de responder, deixando o silêncio crescer entre nós.

- Vou pro trabalho agora. Vou tomar café em algum lugar. - Falei, mantendo a voz firme e tentando finalizar aquela despedida estranha. Dei um passo em direção à porta, mas virei novamente para ela. - E talvez eu chegue tarde hoje de novo.

Virei as costas antes que pudesse ver sua reação, fechei a porta atrás de mim, respirando fundo para recuperar algum equilíbrio, e segui até o carro, sentindo uma mistura de mágoa e tristeza que parecia não ter fim.

Dirigi em silêncio, tentando me concentrar na estrada e ignorar o turbilhão de pensamentos. A imagem de s/n em pé, me olhando daquele jeito, com aquele arrependimento doloroso, não saía da minha cabeça. Eu queria acreditar que era só uma fase, que as inseguranças dela iam se dissipar, mas... e se não fosse? E se isso fosse parte dela, uma parte que eu não conseguia mudar?

No trabalho, tentei me distrair focando nos casos pendentes. Cada vez que uma notificação surgia no meu celular, eu me pegava imaginando se seria uma mensagem de s/n, talvez pedindo desculpas, explicando melhor o que sentia. Mas o aparelho continuava em silêncio, e isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.

No fim do dia, uma mistura de ansiedade e cansaço tomou conta de mim. Eu sabia que o clima em casa estava ruim, mas o peso daquela situação não era algo que eu queria arrastar por dias. Antes de ir embora, enviei uma mensagem:

Um Brilho Por Trás do Bullying 2 - Billie Eilish & S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora