Capítulo 3: Carinho e Cuidado

131 17 4
                                    


Pov: S/n

Na manhã seguinte, eu acordei sentindo o calor da cama e a presença de Billie ao meu lado. A luz do sol atravessava as cortinas, iluminando o quarto de uma forma quase suave, tranquila. Levantei-me devagar, tentando não acordá-la, vesti minha roupa e caminhei até o banheiro para lavar o rosto e tentar organizar meus pensamentos. A noite passada tinha sido mágica, mas os sentimentos que vinham à tona agora me puxavam de volta para uma realidade difícil de ignorar.

Ao encarar meu reflexo no espelho, fui tomada por uma avalanche de lembranças. As imagens voltavam com força: o momento em que puxei o gatilho contra Nate, a expressão de ódio no rosto dele, o som do tiro que atingiu Billie. Revivi as semanas na prisão, a solidão, as noites sem dormir, e o peso do tempo que passei naquele lugar que parecia consumir qualquer esperança. Meu peito começou a apertar, e minha respiração ficou mais curta.

As paredes do banheiro pareciam se aproximar, e antes que percebesse, meus olhos já estavam marejados, meu corpo trêmulo. Involuntariamente, minha mão esbarrou em um frasco sobre a pia, que caiu ao chão com um estrondo. O som ecoou pelo banheiro, mas eu estava em uma espiral de medo e desespero, sentada no chão, as mãos cobrindo o rosto enquanto lutava para respirar.

- Ei, ei... - A voz de Billie soou do nada, cheia de urgência, enquanto ela aparecia no banheiro num segundo.

Ela se ajoelhou ao meu lado e colocou as mãos em meus ombros, seu toque quente e firme.

- S/n, olha pra mim... - Ela inclinou-se, trazendo meu rosto para mais perto do dela. - Respira, só respira... Tô aqui com você, tá?

Tentei focar nos olhos dela, nos olhos azuis e cheios de preocupação, mas as lembranças ainda me dominavam. Meu peito doía como se estivesse sendo apertado, e eu não conseguia soltar o ar preso nos pulmões. Billie, percebendo, puxou minha mão e a segurou firme.

- Vamos lá, respira comigo. - Ela disse com a voz calma, os olhos fixos nos meus. - Inspira devagar... - Ela fez o gesto, respirando fundo e lentamente. - Agora expira. Isso... Devagar.

Tentando acompanhá-la, comecei a controlar a respiração, inspirando e expirando ao ritmo dela, enquanto ela continuava ao meu lado, nunca soltando minha mão.

- Eu sei que é difícil. Sei que... tudo que você passou ainda tá muito recente. - Ela disse suavemente, trazendo minha mão para o peito dela, para que eu pudesse sentir a respiração dela e tentar acompanhar. - Mas você tá aqui comigo agora. Eu tô aqui com você, tá?

Suas palavras, a presença dela, a forma como segurava minha mão como se fosse uma âncora, tudo me ajudava a me acalmar aos poucos. O aperto no peito foi diminuindo, e eu consegui respirar fundo, de forma mais tranquila. Billie me observou, e seus dedos passavam pelos meus cabelos, acariciando, como se me reconectassem ao presente.

- Me desculpa, Billie... - sussurrei, a voz quebrada. - Eu não consigo... tirar isso da cabeça.

Ela se aproximou e me envolveu num abraço forte, aconchegante, a mão percorrendo minhas costas com cuidado.

- Não precisa se desculpar. Você passou por muita coisa, é natural que isso ainda te afete. Mas... não precisa carregar esse peso sozinha. Toda vez que isso acontecer, eu vou estar aqui pra você, entende?

Assenti, me sentindo reconfortada pelo abraço e pela promessa dela. Billie me ajudou a levantar, segurando minha mão e me guiando de volta para o quarto.

- Vamos devagar, um dia de cada vez - ela disse. - E eu vou estar aqui, em cada um desses dias, até que você se sinta bem.

E, naquele momento, me dei conta de que não estava mais sozinha. Eu tinha Billie, e isso era o suficiente para seguir em frente, um passo de cada vez.

Um Brilho Por Trás do Bullying 2 - Billie Eilish & S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora