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LUCCA

E meus sete meses de gestação chegaram e chegaram tranquilos. Diferente da gestação de Helena que houve tudo. Eu e Luis quase nos separarmos, eu tive crises de ansiedade por brigas com Theodoro e dona Coisa, tive crises de pânico, cai sozinho no chão de minha cozinha.... enfim. A gestação de Rael está tranquila e poderia estar mais tranquila se não fosse a tristeza de Luís. O homem por mais que tente não consegue esconder a apatia pelo rompimento com a mãe, e eu me sinto muito mal com isso, me sinto culpado.

A dona Coisa teve coragem de processar os filhos. Segundo ela foi abandonada sem condições de se manter, obviamente não deu em nada pois além dela ter uma gorda pensão, não é acamada e nem idosa. Surtou em frente ao juiz dizendo  que eu roubei o filho dela, quase que o juiz a encaminha direto pro CAPS.

Depois bloqueou os filhos e disse que não os quer nem no velório dela, em meio a esse caus o Luis ficou bem abatido, o Jhoni também. Aliás o Jhoni pediu pra empresa dele o transferir daqui, ele quer se mudar até da cidade.

Quase tivemos um treco quando Helena aos sete meses nos nomeou, Luis é o papa e eu a mamã. Quem o ensinou a me chamar de mamãe? Não faço idéia mas ao mesmo tempo tenho certeza que foram os desenhos que ela assiste e até bate palminhas parecendo cantar as musiquinhas junto, eu quase morro de amores nessas horas.

Luís como fez no final da outra gestação está trabalhando em dobro, eu estou nos últimos detalhes do quarto e das roupinhas de Rael. Ele me advertiu me lembrando do que aconteceu o ano passado mas dessa vez não estou fazendo nada demais. Só arrumando uns detalhes no quarto, lavando e passando roupinhas e comprando umas coisas.

Me pediu também pra não vir ao shopping nessa época do ano com essa barriga enorme e com Helena que está enorme e também, mas o shopping está tão lindo, eu queria que minha filha visse e ela precisa de roupas também. Ela tirou foto com Papai Noel e comprei roupas e presentes de Natal pra ela e Rael.

Comprei um relógio de presente pra Luis, camisa pro meu avô, um novo chapéu pro senhor Alfredo que gosta muito, pra esposa dele um vestido, presente pra mim que não pode faltar, pro meu cunhado e sobrinho, tive também que comprar presente pro amigo secreto de minha empresa e pra empresa do Luis que pegou a Márci e não sabia o que dar a ela, eu peguei o namorado de Arnaldo, enfim .. fiquei cheio de sacolas no shopping e ainda nem comprei tudo que preciso, ainda bem que trouxe carrinho e ele é fácil de desmontar quando preciso usar as escadas, e também sempre tem uma alma caridosa pra me ajudar nessas horas com as sacolas e o carrinho.

Vou ao banheiro familiar troco a fralda de Helena e em seguida vou a praça de alimentação, ja passa um pouco da hora de almoço mas a praça ainda está lotada, as pessoas estão eufóricas pelo Natal.

Olho ao redor procurando uma mesa e avisto uma pessoa que eu não esperava encontrar, está sentada sozinha e tenho vontade de dar meia volta e sumir daqui com meus filhos, essa bruxa nos odeia. Viro as costas pra ir embora mas penso no Luis, ele apesar de não demonstrar muito está triste por ter se afastado dessa cobra, ela é mãe dele e quanto a isso não a o que fazer, engulo a seco a vontade de vomitar, respiro fundo engolindo o meu orgulho e me aproximo da cobra mãe arrastando o carrinho com Helena e cheio de sacolas por todo lado.

_ Oi.

Falo pra ela que levanta o olho assutadada e quase se engasga com o lanche que está comendo. Sob o olhar incrédulo dela arrasto a cadeira na mesa dela e me sento, Helena também está sentada no carrinho e sorri pra ela que ainda não desfez a sua cara incrédula, eu daria risada se não estivesse tão nervoso.

_ A senhora da uma olhadinha nela pra mim enquanto eu pego um lanche pra gente?

Ela arregala o olho e eu deixo Helena perto dela e vou até a fila com o coração quase saindo pela boca.

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