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LUCCA

Amanheceu o dia e Luis foi em casa buscar dona Maria e Helena. Agora minha Heleninha está deitadinha coladinha e toda manhosa comigo na cama, Rael depois de mamar está no bercinho dormindo e Luis, dona Maria e meu avô, estão no sofá conversando.

Avisamos Jhoni mas ele está em outra cidade e virá conhecer o sobrinho pessoalmente em outro momento, meus pais também, e sim, pedi meu avô avisasse dona Coisa  por mensagem mas até agora nada.

Luis está contando a eles o susto que passamos e eu e Helena estamos quase dormindo quando dois toques na porta nos desperta, a porta se abre e eu fico tenso quando vejo dona Coisa, Luis olha pra mim de olhos arregalados e eu assinto discretamente que ele pode receber a mãe, mas torço pra que ela se lembre dos termos que eu disse a ela quando conversamos, não quero precisar repeti los agora e muito menos assistir mais uma vez Luis a expulsando do quarto do hospital.

_ Mãe. Oi, entre.

_ Oi meu filho. Como você está?

Ela está nitidamente sem graça mas o ar de arrogância característico dela está presente, ela não me olha apenas fala com o filho e eu juro que não me importo, ela não precisa interagir comigo se nós dois estamos bem com isso, só que Helena é bebê e fica olhando pra ela, inclusive perde o soninho que estava quase a levando pra se sentar e olhar pra "avó" que milagrosamente cumprimenta meu avô e dona Maria, só depois disso ela olha pra mim e Helena.

_ Oi.

Eu franzo a sombrancelha mas a respondo com um aceno de cabeça. Luis pega Helena no colo pois ela quer descer da cama, dona Coisa olha bem pra ela.

_ Ela está cada dia mais parecida com o seu marido Luis.

Eu estou aqui dona Coisa, pode falar o meu nome e se dirigir a mim, seria mais educado já que está falando de mim.

_ Sim. Ela é linda, eles são lindos.

Meu homem quando quer é um gentleman.

_ Venha conhecer o meu filho mãe.

Ele se aproxima do bercinho de Rael e ela o segue, eu franzo a sombrancelha pois vejo a feição da mulher mudar, ela praticamente arregala o olho.

_ Meu filho, esse bebê é a sua cópia, ele assim como você nem nasceu enrugado, ele é um bebê lindo.

Ela fala incrédula e eu fico aliviado, pensei que ela diria alguma coisa desagradável como sempre mas pela primeira vez desde que a conheço ela proferiu algo coerente, Rael é a cara de Luís mesmo, eu disse isso a ele e ele duvidou, aliás não só eu, meu avô e Maria também disseram.

O sorriso de Luís é largo e orgulhoso.

_ A senhora acha?

_ Você não acha?

Ela pergunta olhando incrédula olhando pra ele.

_ Parece que estou olhando pra você a trinta anos atrás.

Rael acorda e se mexe todo já chorando.

_ Posso pegar ele?

Luis consente então ela limpa as mãos com álcool setenta e pega Rael no colo.

_ Que fofura! Ele é você todinho. Seus filhos são lindos Luis, essa menina também tem os seus olhos.

Na verdade não tem dona Coisa. A Helena tem os meus olhos castanhos não os de cor âmbar de Luís, mas não ouso contestar, estou feliz demais pra iniciar uma guerra, ainda mais por causa de um detalhe.

_ Esses meus netos conseguiram um feito histórico, fizeram uma cópia de cada.

Meu avô fala e dona Coisa se senta ao lado dele com meu filho no colo, ela parece estar encantada.

Meu avô pega Helena e diz que vai levar ela pra comer um lanche, dona Maria sai também e se eu pudesse também sairia pra mãe e filho conversarem. Luís se senta ao meu lado numa cadeira.

_ Fico feliz que tenha vindo mãe. Obrigado.

_ Eu recebi uma mensagem do senhor Mauro e Lucca disse que me avisaria do nascimento do filho de vocês.

Ela fala entregando Rael pra Luis que me entrega e eu o deito em meu peito.

_ Ele nasceu essa madrugada, nos deu um grande susto mas agora está tudo bem.

_ Você também me deu um susto, nasceu sem oxigenação e não sei como não ficou com sequelas, foi um milagre.

_ Nossa! Meu filho praticamente repetiu o meu feito.

Luís fala e me olha, eu fico impressionado mas não comento nada, eu e a dona Coisa provavelmente jamais chegaremos ao ponto de batermos um papo descontraído enquanto comparamos nossos partos.

_ Eu posso visita los? Eu quero poder  visitar você e meus netos Luis.

Ela pergunta e Luis me olha, eu tenho vontade de revirar os olhos, eu já havia dito a ele que ela podia, eu não gosto dela mas ela é mãe de Luís e vó dos meus filhos, nunca serei o genro dos sonhos dela mas não irei proibir o contato deles.

_ A senhora pode dona Izolda, mas é aquilo que eu te disse. Não quero separar mãe e filho e fico feliz que queira uma aproximação com seus netos também, mas se eu ouvir uma palavra atravessada pra eles o negócio ficará feio, eu já tinha dito isso.

_ Eu sei, também sou mãe e amo e defendo meus filhos.

_ A sua definição do que significa amar é diferente da minha, eu amo meus filhos e continuarei amando independente das escolhas deles. Minha felicidade será eles encontrarem alguém que complete a felicidade deles independente de quem seja.

_ Lucca..

_ Deixe ele meu filho. Eu não me importo com a alfinetada. Quero que saiba que no começo nada do que eu disse a você foi pessoal Lucca, eu falei aquilo a todos os namorados dos meus filhos, sempre quis meus filhos comigo e odiei você mais ainda quando percebi que você era diferente, Luis gostava de você e fez o que eu não esperava, saiu de casa por você. E por mais que eu apontasse e pontuasse os seus defeitos ele continuava firme e forte, quando achei que fossem se separar estava só esperando assinarem o divórcio pra o convencer a voltar a morar comigo mas aí você engravidou e eu fiquei furiosa.

Que filha de uma puta!

_ Porque a senhora não queria os seus filhos casados?

_ Um exemplo disso é a hipoteca. Quando meu filho morava comigo eu não pagava nada, não sabia nem o que era boleto, sempre foi assim desde que me casei.

Eu reviro os olhos. Essa louca quer ser bancada a vida toda?

_ Agora ele...

_ Não ouse dizer que agora ele me banca, eu trabalho e contribuo com as despesas de casa.

_ Por favor não comecem. Vocês não podem ficar um minuto juntos?

_ Fica tranquilo Luis, ela já me esclareceu porque me odeia e eu quero deixar claro também que não morro de amores por ela, e é isso. De minha parte prometo ficar na minha e apenas me defender quando necessário.

_ Faço das palavras dele as minhas. Vocês já tem dois filhos e não tem sentido eu ainda querer prejudicar o relacionamento de vocês, eu não quero ser afastada novamente.

Ela nem nega que queria nos ver separados. Eu mereço uma cobra dessa. Pelo menos me parece que desta vez ela está sendo sincera.

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