EU AINDA TE AMO

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LUCCA

No outro dia acordo e Luis já não está na cama, tenho dormido bastante a ponto de muitas vezes Luis ter que me acordar e esperar eu tomar banho pra despertar antes dele ir trabalhar, como hoje é domingo fico mais um pouquinho na cama e acabo cochilando novamente, essa barriga pesa bastante e eu me sinto exausto o tempo todo.

Mas me levanto e me arrumo, Luis já havia arrumado Helena. Tomamos café da manhã e vamos ao shopping, compramos o restante dos presentes, algumas coisas pra ceia e voltamos pra casa, ele faz almoço eu almoço e me deito com Helena, novamente apago.

A semana passa e vamos no dia vinte e quatro pro sítio do meu avô. Foi muito bom passar o Natal com ele, Helena ama aquele bisavô dela, houve um momento em que ele sumiu um pouco e depois voltou vestido de papai Noel, minha filha quase teve um treco de tanta felicidade, nós nos acabamos de rir, faz tempo que eu não me divertia tanto assim. Depois da ceia trocamos presentes e fomos dormir. Helena dormiu no meio entre eu e Luis, no outro dia fomos embora, e não, a dona Coisa não ligou, Luis também não quis ligar pois segundo ele ela iria dizer que ele só se lembrou dela no Natal, não está errado, ela diria isso mesmo mas com isso ele já está acostumado, deveria ter feito a parte dele.

A virada do ano passamos em casa mesmo, eu já estou enorme e achamos melhor não nos arriscar e sair por aí com um bebê e um grávido perto dos dias de parir.

Pra mim janeiro passou voando, novamente tivemos chá de bebê no salão e também na redação onde trabalho, Rael também está sendo tão mimado pelos nossos amigos quanto a irmã.

Meu avô e dona Maria, a esposa do senhor Alfredo estão desde o começo do mês conosco, eu a contratei pra me ajudar a cuidar de Helena por esses dias e enquanto eu e Luis estivermos no hospital, mas Luis a ajudará também pra Helena não a estranhar, ele se revezará entre ficar no hospital comigo e Rael e aqui em casa com Helena, depois disso ele tem um mês de licença paternidade conosco em casa e ela pode voltar pro sítio.

Estavámos ansiosos esperando o dia do parto chegar, o médico disse que estava tudo certo com Rael mas algo que ninguém esperava aconteceu nos pegando completamente de surpresa, era uma madrugada de sábado antes do final do mês, mas precisamente no dia vinte e três de janeiro acordo de madrugada com uma dor lacerante na barriga, levo um susto pois estava dormindo e já acordo chorando, é claro que Luis se assusta também e acorda atordoado.

_ Lucca.. que foi Lucca?

_ Minha barriga..

Falo chorando e com a mão na barriga.

_ Meu bebê Luis..

_ Que foi Lucca?

Ele pergunta novamente agora com a mão em minha barriga, e pela penumbra vejo que ele está de olhos arregalados como os meus devem estar também.

_ Tá doendo muito.. minha barriga...

_ Caralho!

_ ... embaixo..

Ele se levanta correndo já acendendo a luz e vestindo um conjunto de moletom de qualquer jeito pois estava só de cueca, calça seu all star e saí correndo do quarto pra chamar meu avô e dona Maria, quando volta pro quarto está com os dois e a bolsa que preparei pra ir ao hospital.

_ Que foi meu neto?

Meu avô pergunta assustado.

_ Tá doendo... muito vô.. salvem o meu bebê..

_ Vai ficar tudo bem filho fica calmo.

_ Vão tranquilo Lucca e Luis, eu cuido da Helena.

Dona Maria diz me tranquilizando e eu a agradeço. Luis coloca rapidamente uma calça em mim e me pega no colo.

_ Leve ele logo Luis, o bebê pode estar em sofrimento.

Meu avô fala e eu me assusto mais ainda.

_ O quê? Como assim vô?

_ Fica calmo Lucca, não deixe essa pressão subir. Abre as portas pra mim vô Mauro.

_ Desculpa meus netos, eu estou nervoso e falando besteira, vai ficar tudo bem. Vão rápido que depois eu vou.

Eu fico chorando e sinto o coração de Luis acelerado também, Luis me coloca no carro e sinto outra forte dor que me faz contorcer todo, eu acho que até apago uns segundos com a dor pois quando me dou conta Luis já saiu da garagem com o carro e está a caminho do hospital.

Ele está dirigindo mas me olhando assustado e olhos levemente arregalados.

_ Você fez algum esforço ontem amor?

Ele pergunta cauteloso pois com certeza sabe que se me acusar de alguma coisa eu explodo e minha pressão vai pelos ares.

_ Não fiz nada. Dona Maria está fazendo tudo, só estou pegando Helena no colo quando estou sentado e alguém põe ela no meu colo. Eu tô com medo Luis, nem na gravidez de Helena que eu sofri tanto eu senti tanta dor..

Falo chorando muito.

_ Fica calmo tá. Vai dar tudo certo, o Rael está bem, vamos acreditar nisso.

Mas eu continuo chorando e me culpando.

_ .... eu sou uma péssima pessoa...

_ Do que está falando?

_ E se o meu filho estiver pagando pelos meus erros? Eu te separei da sua mãe...

_ Você não fez nada, ela te atacava sempre que tinha oportunidade e você ainda tentou consertar isso. Tire isso da cabeça.

_ ... te separei do seu melhor amigo também...

_ Você está brincando né? Aquele filho da puta cometeu um crime contra você..

_ Aí...

_ Caralho! Que merda é essa?

Outra dor e eu não estou entendendo nada. PORQUE? Luis também já está chorando. Ele entra buzinando feito um louco na emergência e uns enfermeiros vem ao nosso encontro.

Eu estou todo mole de tanta dor e Luis me pega no colo me colocando numa cadeira de rodas. Doutor Albuquerque não está então sou atendido pelo doutor Pimentel, o médico que me disse que eu estava grávido, ele faz a ultra e sou diretamente levado a sala de cirurgia, Luis entra e segura minha mão, é claro que o banana não consegue acompanhar o parto e fecha os olhos, eu procuro não perder nenhum detalhe e gelo quando vejo meu pacotinho todo miudinho ser retirado de dentro de mim mas franzo a sombrancelha, ele está todo vermelhinho, eu diria roxo, com o cordão umbilical enrolado no pescoço.... e em silêncio.

_ Luis?

Eu agarro no braço de Luís em desespero e ele abre o olho e olha pra nosso filho. Eu grito desesperado e chamando pelo meu filho. Eu não estou acreditando nisso.

Bom final de semana amores e até segunda. Beijos 💋 💋
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