LUCCATomo água dentro do carro e fico lá dentro encolhido do jeito que dá por uma hora mais ou menos. Eu não sei o que farei mas já que gravei sem querer aquela conversa decido registrar o que ele fez no meu carro também. Saio do carro e tiro foto dos pneus murchos, volto pra dentro do supermercado e falo com o segurança, quando mostro os pneus pra eles sou levado a sala de monitoramento e eles mostram as gravações, consigo ver o exato momento em que Theodoro se abaixa e fura meus quatro pneus, peço as imagens aos seguranças e eles me passam, mais uma prova.
O segurança diz que chamará um guincho pra levar o carro a borracharia e eu deixo meu número com ele. Espero o guincho chegar, pego um uber e vou pra casa. Eu só consigo entrar, tirar meus sapatos e deitar em posição fetal, eu sei que deveria ir a uma delegacia mas não tenho estrutura pra isso, eu só sei chorar e quero tentar entender o porquê de tanto ódio. O homem vivia dentro da minha casa se fazendo de amigo, e agora me odeia a ponto de desejar o mal pra minha filha, um bebê que nem nasceu ainda. Eu estou chorando tanto que nem percebo quando durmo. Acordo com Luis passando as mãos em meus cabelos.
_ Já chegou? Que horas são?
_ Já passa do horário de almoço. Eu estava te ligando lá do salão e você não atendia, fiquei preocupado e vim. Não vi seu carro na garagem, até me assustei quando entrei no quarto e te vi aqui todo encolhido. Está tudo bem?
_ Está..
Me sento na cama e ele me ajuda colocando a almofada em minhas costas.
_ Lucca porque você chorou? Seu rosto está todo inchado.
_ Eu passei mal no mercado.
_ Passou mal como? Porque não me ligou?
_ Foi só uma crise de ansiedade, não ia te tirar do trabalho por isso.
_ Você fala só uma crise de ansiedade? Eu não sei nem o que dizer Lucca, vontade de te dar uma bronca. Como você tem uma crise de ansiedade e não me liga? Ligou pro seu médico pelo menos?
_ Não Luis, eu tô bem.
_ E cadê o seu carro?
_ Eu fiquei mal no supermercado e larguei as compras que tinha escolhido lá, aí o pneu do carro estava murcho, chamei um borracheiro pra resolver aquilo e pedi um uber.
_ Qual borracheiro?
_ Não sei, foi o segurança do supermercado que chamou pra mim.
_ Como você apenas deixa seu carro com qualquer um e está tudo bem Lucca?
_ Eu deixei meu número com eles, tenho o cartão da borracharia deles em minha carteira, não se preocupe.
_ Essa história está muito estranha. Cadê seu celular?
_ Devo ter deixado na cozinha. Me diga que acabou o interrogatório, eu estou com fome.
_ Vou pedir uma torta salgada ali da padaria pra gente, não dá tempo de preparar nada, tenho cliente daqui a pouco.
_ Tudo bem.
Ele pega o celular e sai do quarto. Eu me levanto e vou ao banheiro. Faço xixi, lavo as mãos e vou a cozinha. Luís está fazendo um suco então me sento na mesa pra esperar. Sinto os olhos dele me avaliando mas não irei dizer nada por enquanto, não posso correr o risco dele surtar e procurar o Théo.
Almoçamos e ele volta pro trabalho, não sem antes perguntar denovo se eu estava bem mesmo. O borracheiro me ligou e disse que meu carro estava pronto, peguei um uber e fui buscar, paguei mas paguei com raiva, não do borracheiro é claro, é que não é justo eu ter que gastar com isso. Theodoro irá pagar cada centavo desse prejuízo, ele não perde por esperar.
Já em casa passo a tarde assistindo filme pra relaxar e de noite Luis me liga pedindo pra ir ao trabalho dele, eu estranho mas me arrumo e vou. Tenho uma agradável surpresa ao ver que os colegas de trabalho e alguns clientes fizeram um chá de bebê surpresa pra gente, fiquei muito feliz e emocionado, Helena ganhou bastante coisa e eu me acabei de comer bolo e docinhos. Eu e Luis optamos por não fazer chá de bebê, estávamos ocupados demais com a casa e também não queríamos gastar, de qualquer forma compramos bastante coisa pra ela também.
Domingo Luis insistiu e eu acabei concordando em ir ao mercado com ele, mas insisti pra ir em outro. Compramos algumas coisas que estava em falta em casa, e o que eu tanto queria, sabão pra lavar a roupinha de Helena. Fizemos a compra e almoçamos na rua mesmo, chegando em casa nem fui descansar, já fui colocando as roupinhas pra lavar, arrumando lugar no armário pra guardar as coisas que ela ganhou ontem. Foram pacotes de fralda, lenço umedecido, toalhas, paninhos de boca, roupas, tiaras, sapatinhos e bastante acessórios. Acho que nunca mais precisarei comprar fraldas pra Helena, tive que usar o quarto de hóspedes pra guardar um estoque grande. Passamos o domingo fazendo essas coisas e lavando e passando roupinhas, distraiu bastante a minha cabeça e por hora esqueci o doente do Theodoro. Mas ele não esqueceu de mim, segunda feira cedo chegou uma mensagem dele em meu celular.
"Bom dia. Esperei a visita de vocês no sábado, fiquei triste por não virem. Seu marido decidiu obedecer a ordem ou você não contou a ele do nosso encontro no mercado? Não tem problema, eu faço uma visita pra vcs assim que der. Afinal a segurança dessa casa não é reforçada quanto a outra né? Já me certifiquei disso, fique bem e me espere, estou sempre por perto"
Com as mãos tremendo jogo meu celular longe de mim. Esse desgraçado está tentando me desestabilizar no final da minha gravidez. Meu celular toca eu o pego e é o desgraçado, eu rejeito a chamada e printo a tela do celular com as mensagens dele e o bloqueio, ainda bem que printei pois ele apaga todas as mensagens, o desgraçado só esperou ter certeza que eu as visualizei, só que depois disso eu surtei e não consegui mais disfarçar.

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EU AINDA TE AMO
RomanceQuando a vontade de engravidar se torna uma obsessão e atrapalha o seu casamento. Atrapalhou tanto que cegou os dois de um jeito que os separou, só um milagre, ou talvez dois milagres os façam voltar... Lucca e Luis chegando com a sua história de am...