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LUCCA

Faz uma semana que o Luís viajou pra fazer o tal curso, eu estou com muita saudade mas estou procurando ocupar minha cabeça com outras coisas, inclusive depois que assinarmos o divórcio irei me afastar, ja estou até procurando uma casa em outro bairro, de preferência onde ele não saiba o endereço, outra opção também é o bloquear em tudo, pra minha própria sanidade preciso me afastar. Não tenho medo dele, tenho medo de mim, do que eu sinto por ele e só estou me separando porque consegui enxergar que não damos certo, já perdi dois anos da minha vida com ele e a vida é curta.

Tenho saído bastante com Arnaldo, nos aproximamos e como amigo gosto bastante dele, apesar de as vezes ele ter umas atitudes estranhas, tipo pegar em minha mão sem necessidade, me abraçar ou ficar me encarando mais do que o necessário.

Hoje saí com ele denovo e estamos numa lanchonete, íamos há um restaurante mas eu queria muito comer uma pizza. Fizemos os pedidos e voltamos a conversar, pena que ele entra num assunto que não gosto de ficar cutucando.

_ Mas e você e o seu ex, como estão?

_ O Luís ainda não é ex pois ainda não assinamos o divórcio. Mas não estamos, só estou o esperando voltar do curso pra resolvermos isso.

_ Não tem mais volta mesmo?

_ Não. E você e o seu ex? Já são ex né?

_ Somos. Assinamos o divórcio e ele já está com outro.

_ Putz.

_ É, putz. Acho que ele já tinha esse outro antes mesmo de nos separarmos, o assumiu muito rápido, mas não gosto de ficar pensando nisso, tipo é estranho me sentir traído.

_ Sinto muito cara.

_ Não sinta. Eu já não sentia mais nada por ele, só dói a traição mesmo.

Não é o meu caso, penso mas não comento nada com ele. Eu ainda amo o Luis, infelizmente.

_ É você que vai pro desfile em Milão?

Ele pergunta mudando de assunto e eu até agradeço.

_ O chefe ainda não decidiu. Eu não gostava muito de viajar quando estava casado sabe, mas essa viajem seria bom pra respirar novos ares como diz meu terapeuta.

_ A terapia está te fazendo bem, visivelmente.

_ Também acho, nem estou sentindo tanto a falta dos meus remédios.

Ele pega em minha mão por cima da mesa, isso poderia ser um gesto amigável mas pro meu desgosto ele fica alisando a minha mão com o polegar. Não vai rolar cara, nesse momento da minha vida o que menos preciso é me envolver com alguém.

_ Sabe que pode contar comigo pro que precisar não sabe?

_ Sei, você já me disse.

_ Me ligue, me procure sempre que precisar, independente do horário.

Sutilmente retiro a minha mão do contato com a dele e sorrio disfarçando bebendo a água.

_ Tá demorando essa pizza né? Mó fome.

Ele sorri concordando e graças aos céus a pizza chega. Ele como um homem grande e cheio de músculos comeu mais da metade, eu comi três pedaços e me senti cheio. Dividimos a conta e saímos da lanchonete.

_ Barzinho agora?

_ Na verdade eu quero ir pra casa, tô um pouco cansado.

Faz uma cara de decepção mas não comenta nada e pede um táxi no ponto.

_ Não prefere que eu peça um pra mim? Aí cada um já segue pra onde quer ir.

_ Me dispensando Lucca?

Fico até sem graça.

_ Não, que isso. Só achei que fosse pro barzinho.

_ Não sem você.

Fala e me dá uma piscada. Ok, isso foi estranho. Entramos no táxi e ele pede pra ir primeiro a minha casa, no trajeto conversamos algumas coisas sobre o trabalho e eu me sinto a vontade novamente, o Arnaldo é uma pessoa agradável e se eu não estivesse com a cabeça tão confusa me permitiria ter um lance ou até um namoro com ele sim, depois de assinar o divórcio é claro, mas não consigo abrir meu coração pra ninguém agora, não tem como alguém entrar num lugar que não tem espaço, está completamente preenchido. Chegamos e ele desce do taxi comigo.

_ Obrigado cara, você tem sido um grande amigo pra mim.

Ele passa a mão em meu cabelo o colocando atrás da orelha, o olhar dele está em minha boca e eu só quero sair correndo quando ele se aproxima devagar e me beija. Porra que situação! O beijo dele é até bom e por segundos eu me deixo ser levado mas o empurro com as mãos espalmadas em seu peito.

_ Cara por favor não faça isso..

_ Lucca eu..

_ Eu não quero nada disso Arnaldo, minha única intenção com você é de amizade e eu pensei que tinha deixado isso claro. Minha cabeça está confusa, eu ainda amo o meu ex e mesmo que não o amasse, eu não quero me envolver com alguém, desculpa.

_ Eu que peço desculpas. Nossa estou morto de vergonha, eu só pensei que poderíamos ter uma amizade colorida e meti os pés pelas mãos.

_ Guarde seu lápis de cor eu não quero colorir nada. Nossa amizade continuará em preto e branco e se não estiver bom o suficiente pra você, a gente para por aqui.

_ Não, está bom mais uma vez me desculpe. Irei te respeitar e por favor esqueça o que aconteceu. Eu não quero deixar de ser seu amigo.

_ Jura que não irá tentar mais nada?

_ Juro. Tem a minha palavra.

_ Tá. Então vai que o seu táxi está esperando.

_ Vou. E pensar que minha intenção era dispensar o táxi.

O idiota diz sorrindo.

_ Arnaldo!

_ Tá desculpa. Só não se afasta de mim cara, eu realmente gosto de você.

_ Não irei me afastar desde que não faça mais nada como isso.

_ Não farei. Amanhã te ligo pra marcarmos algo. Tchau.

_ Falou. Vê se cria juízo.

Ele sai e eu entro pra dentro. Era só o que me faltava. Não quero me afastar dele mas se ele tentar me beijar novamente é o que farei, beijo bom mas o beijo de Luís é incomparável, pro meu completo desespero ninguém tem a pegada daquele idiota.

EU AINDA TE AMO Onde histórias criam vida. Descubra agora