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LUÍS

Na hora do almoço Théo me liga e diz que Lucca o procurou, disse também que ele estava puto porque Manoel o procurou hoje de manhã, eu só acho que estou ainda mais fodido, Lucca deve ter ficado indignado. Eu não tenho um minuto de paz, cada dia que passa, meu relacionamento afunda mais um pouco.

Ele me convidou a ir num barzinho com ele e Laura hoje a noite, eu estava pensando em ligar pro Lucca hoje mas não vou nem tentar, melhor ir no bar com o Théo e esperar pra ver se ele se acalma e me procura.

A tarde passa e eu corro pra minha kitnet pra trocar de roupa, me visto todo de preto como sempre e vou até o bar, geralmente eu e o Théo íamos juntos no mesmo carro porque morávamos perto, mas como agora moro longe, é melhor cada um ter a sua própria condução e eu maneirar na bebida, estou dirigindo e uber não gosta de entrar no meu bairro de madrugada.

Chego no bar e está mais pra uma boate, é grande e a música está bastante alta. Laura e Théo já me esperam na porta. Há uma pequena fila.

_ Isso é um bar ou boate?

Pergunto os cumprimentando.

_ Bar. Mas como foi inaugurado a pouco tempo o povo está eufórico. É diferente né?

_ É, bastante.

Entramos na pequena fila mas logo estamos dentro do bar, no balcão Théo pede duas longneck pra e ele e pra esposa e eu resolvo os acompanhar, depois peço algo mais forte. Tem algumas pessoas se arriscando a dançar na pequena pista e logo atrás a una espécie de mezanino onde meus olhos sr prendem num cara em específico que está de costas conversando com outro, eu reconheceria ele a kilometros de distância. Lucca. Ele nem estava saindo de casa. O que está fazendo aqui? E conversando com um cara? O cara fala com ele bem pertinho praticamente no ouvido. Ele está ficando com esse cara? Não acredito que Lucca está fazendo isso comigo.

_ Luiz, Luis.. tá dormindo cara? Tô a maior cota te chamando.

_ Aquele é o Lucca, Théo. Ele está lá emcima com um cara.

Laura e Théo olham na direção que eu olho e Laura tenta amenizar.

_ A música está alta Luis, por isso estão conversando tão perto um do outro.

Mas meu sangue gela quando o cara põe a mão na nuca de Lucca e o beija, ali eu senti um ódio descomunal por Lucca e por mim, por me importar tanto, por estar sucumbindo de ciúmes e por não estar sozinho, meu amigos não sabem onde enfiar a cara e eu também não, Lucca empurra o cara mas o estrago já está feito, saio do bar e deixo minha cerveja intacta emcima do balcão, Théo ainda me chama mas no momento não quero falar com ninguém, quero morrer e essa afirmação não é retórica.

LUCCA

Arnaldo decidiu ir em casa me buscar e eu não me importei afinal quero beber e na volta posso pedir um uber. Chegamos no bar e nos sentamos numa mesa no mezanino, um dos nossos colegas de trabalho está aniversariando e ele pediu pra juntar as mesas, eu não sabia do aniversário portanto não trouxe nada, eu nem conheço direito o aniversariante que se chama Heitor, ele trabalha num outro setor na redação, é um dos diretores chefe do setor de esportes, diferente do meu que é de moda. Estamos em seis pessoas e já começamos a beber caipirinha, tomo uma e em seguida uma gin tônica, a conversa está muito boa mas esse Heitor parece estar interessado em mim e eu não vim aqui pra isso, quero beber e curtir até cair, apenas.

Disfarço e digo que vou ao banheiro e dou um tempinho lá, quanto volto me encosto na grade do mezanino pra ver o movimento la embaixo e peço mais uma caipirinha, o cara não se toca e se aproxima de mim.

_ Não quer mais sentar com a gente?

Ele pergunta pertinho de mim pra eu poder o escutar.

_ Daqui a pouco eu vou.

Falo e me viro de costas pra ficar de frente a mesa.

_ Só vim esticar um pouco as pernas.

_ Quase não te vejo na redação.

Tá certo que a música está alta e temos que falar alto e perto um do outro pra ser ouvido, mas esse cara está invadindo demais o meu espaço e está me incomodando, acho que ele já bebeu demais.

_ É que eu trabalho no setor de moda, faço home office, apareço as vezes na redação.

_ As vezes quando? A gente podia marcar um almoço ou jantar qualquer dia desses, te achei lindo.

Há pronto!

_ Podemos almoçar junto com os meninos, as sextas feiras trabalho na redação.

_ Você ainda não entendeu não é?

Entender eu entendi, só estou me fazendo pra ele entender que não estou a fim.

_ Olha cara...

Antes de eu terminar de falar me assusto com ele agarrando a minha nuca feito garra e tascando um beijo cheio de língua na minha boca. Eu fico tão estático que por segundos não tenho reação, mas o empurro quando entendo que ele está devorando a minha boca.

_ Caralho cara você ficou louco?

Falo alto e Arnaldo vem pra perto de nós.

_ O que aconteceu?

_ Esse maluco me beijou..

_ E você gostou.

_ Gostei tanto que quero vomitar seu nojento.

_ É dos difíceis assim que eu gosto, fala não mas geme feito uma cadela na hora do vamo ver.

Eu vou pra cima dele mas Arnaldo me segura.

_ Ele está bêbado Lucca, não vale a pena.

_ Nojento do caralho, velho podre vai tomar no seu cú.

Ele se afasta rindo e eu não acredito que esse cara estragou a minha noite, quase não saio de casa e quando saio acontece isso.

_ Cara desculpa, eu percebi que ele estava interessado em você mas não sabia que chegaria a tanto..

_ Você é um miserável Lucca..

Olho pra trás assustado e me deparo com Théo me olhando parecendo querer me fuzilar com o olhar.

_ ... depois se faz de vítima querendo inventar um amante pro seu marido quando o traidor é você seu filho da puta, se acontecer alguma coisa com ele a culpa é sua..

_ Do que você está falando cara? Eu não trai o Luis em momento algum.

_ E esse beijo que acabou de dar nesse cara?

Eu olho pra Arnaldo e percebo que tanto ele como o Heitor são negros e estão de camiseta preta, fácil confundir.

_ Eu não beijei ninguém, fui beijado e a força..

Ele arregalou o olho e olhou pra Arnaldo.

_ Não foi ele. Cadê o Luis?

_ Saiu daqui, deve ter ido embora.

Pego minha comanda do bolso pra pagar e ir atrás de Luís mas Théo a toma da minha mão.

_ Vai e resolve essa merda.

Saio do bar rapidamente e vou pra fora. Olho em volta e encontro Luis encostado no carro dele com as mãos na cabeça abaixada. Me aproximo dele e o chamo.

_ Luis.

Ele me olha chorando mas com um ódio que nunca vi em seu olhar.

_ Sai daqui Lucca, saia da minha frente ou não respondo por mim.

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