Lembranças dolorosas
Todos sabemos que há certos acontecimentos em nossas vidas, que nos marcam, nos perseguem como fantasmas. Mesmo que o tempo passe, que seguimos em frente e guardamos tais recordações no fundo da nossa mente, como CD's antigos, escondidos no canto escuro de uma estante, empoeirados e abandonados, eles sempre retornam. Você não os esquece, apenas aprende a conviver com aquilo, e tenta não se deixar influenciar por sua sombra. Tendo isso em vista, sei que Matteo mantém as lembranças daquele dia bem vivas em sua mente. Um trauma foi instalado nele, como uma raiz podre difícil de se livrar. Eu sabia que ia ser difícil ajudá-lo. Contudo, eu estou disposto a fazer o possível e impossível para que ele possa seguir em frente e ser feliz... Comigo ao seu lado, claro. Com esse objetivo, me dirigi ao local onde César Yamazaki ou Cole, não sei bem como chamá-lo, está trabalhando. Era uma clínica bem organizada, pertencente à família Lombardi. Ninguém além dos mais próximos sabem disso, obviamente.
Entrei no local e fui até a atendente.
— Bom dia. O Dr. César Cole se encontra?
— Sim--! — A mulher loira tinha a cabeça baixa e parecia mal humorada, mas ao olhar para mim, abriu um sorriso largo. — Olá, senhor. Bom dia.
Franzi o cenho perante a repentina mudança de humor.
— Quero falar com o Sr. Cole. — Pedi, ríspido.
A atendente passou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Bom, ele está com a agenda cheia... Mas, posso conseguir um encaixe pro senhor...
Ela levou a mão ao encontro da minha, que estava sobre o balcão. Enruguei o nariz, enojado.
— Não me toque. — Puxei a mão com violência.
A loira piscou algumas vezes, em seguida, sorriu.
— Ora, ora... O senhor é bem arisco, bonitão.
Encarei a mulher, céptico.
Olhei ao meu redor, notando a quantidade de pessoas no local. Eu não podia fazer uma cena e matá-la ali. Não conseguiria falar com César e consequentemente, teria dificuldades para ajudar meu Matteo.
— Eu não vim marcar consulta alguma. Só quero perguntar algo a ele.
— As coisas não funcionam assim, bonitão... Que tal uma troca de favores?
Suspirei audivelmente.
Tá de brincadeira?
Antes que eu simplesmente agarrasse os cabelos daquela baranga e batesse contra o balcão na minha frente, uma voz soou ao meu lado.
— Está demitida. — A ordem foi severa, sem espaço para desculpas.
Olhei para o lado, deparando-me com Dante Lombardi, meu cunhado.
— E quem você pensa que é pra me demitir? — Retrucou a mulher atrevidamente.
Pensei que Dante iria explodir e voar na garganta da atendente, contudo não foi o que aconteceu.
— Peguem ela e tirem daqui, agora. — Ordenou.
Os guardas da entrada se moveram instantaneamente, agarrando os braços da mulher e a arrastando para fora. A mulher gritava para que a soltassem, o que obviamente não aconteceu.
Todos olhavam para meu cunhado, surpresos. O mesmo virou-se para os presentes com um sorriso simpático.
— Peço perdão pelo alvoroço! Infelizmente, nossa funcionária cometeu alguns delitos que ocasionaram sua demissão, no entanto, como podemos ver, ela não aceitou muito bem.
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𖤓𝑇ℎ𝑒 𝐿𝑜𝑚𝑏𝑎𝑟𝑑𝑖𖤓 - 𝐿'𝑖𝑛𝑖𝑧𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑙𝑙𝑎 𝑟𝑜𝑣𝑖𝑛𝑎 - 𝑉𝑜𝑙.𝐼
RomanceA gloriosa família Lombardi, fundada em ouro e prata, desaba em tempos sombrios com a morte precoce de seu primogênito, Luigi Lombardi. Qual futuro você imagina para irmãos tão desamparados após a perda do irmão? O inimigo está a espreita, esperand...