Acordei e fui direto para o banheiro, quando me olhei no espelho, levei um belo, ou melhor, horroroso susto. Em meu rosto tinha vestígios de maquiagem que escorreram junto com as lágrimas, meus olhos estavam inchados e minha aparência estava devastada. É, eu não consegui parar de chorar e sabe por que? Porque sentimentos não são como um vídeo game que você pode brincar, dar pause, ligar ou desligar. Quando eles são verdadeiros e alguém os fere, eles doem como uma facada no peito e é difícil se recuperar. Mas não impossível. Ontem eu chorei até dormir, meu celular não parou de tocar até o momento em que eu desliguei. Já avisei ao porteiro para não deixar Robert subir em hipótese alguma. Se ele quer aquela vadiazinha sem graça, ele que se divirta bastante com ela. Está na hora de eu dar a volta por cima. Eu cansei de problemas na minha vida.
Tomei um banho bem quente, fiz minha higiene pessoal e me enrolei em uma toalha. Fui até o meu closet e peguei um short jeans e uma blusa de manga curta. Vesti a roupa e fiz um rabo de cavalo em meu cabelo, passei um pó compacto para disfarçar o inchaço dos meus olhos e por último calcei meus chinelos e saí de casa. Saí sem celular porque não quero contato com o mundo e nem com ninguém agora. A única coisa que estou levando é o meu cartão de crédito. Fui até o salão de beleza em que eu ia sempre, no tempo que eu era mimada e tals. Lá tem um cabeleireiro maravilhoso, seu nome é Vicky. Ele é um amor. Entrei no salão e logo fui recebida por ele.
- MINHA DIVA! - gritou com seu jeito escandaloso de sempre enquanto sorria. - Você sumiu, loirinha. Por onde esteve?
- Por aí. - sorri enquanto me sentei na cadeira de frente ao grande espelho. - Mas eu quero um grande favor seu.
- O que quiser, loirinha. Só pedir. - eu encarei o seu reflexo no espelho com um sorriso no rosto.
- Quero mudar o visual.
- Sério? - sua expressão estava surpresa. Afinal, eu nunca pintei o meu cabelo em toda a minha vida. - Tem um loiro platinado que vai ficar lindo em você.
- Não. Sem loiro.
- Oh meu deus! - levou a mão ao peito em um gesto dramático. - Você está me assustando.
- Hey, se acalme. Eu só quero pintar o cabelo, não raspar. - sorri. - Quero fazer diferente. Quero ficar diferente.
- Mudança drástica? - perguntou como se estivesse com medo da minha resposta.
- Mudança drástica. - dei um curto sorriso.
Ele me mostrou umas revistas com cores de tintas capilares novas e penteados novos, eu fui folheando página por página até que achei o penteado e a cor perfeita. Sem dúvida era esse que eu iria querer.
Depois que terminei de fazer o meu cabelo, fui até o shopping. Iria também mudar o meu visual. Eu só tinha vestidos elegantes e caros. Cansei disso! Eu quero roupas normais. Eu quero um short largo pra usar em casa, uma saia fofa pra ir numa festa de uma criança, um vestido colado pra ir numa balada... Por falar em balada, acho que já sei qual vai ser o meu destino essa noite. Balada!
Comprei várias roupas e eu diria que quando as meninas me ver, não vão me reconhecer.Depois de passar o dia todo no shopping, voltei para casa porque já estava com fome e já devia ser 13h. Hoje eu gastei além da conta mas não tem problema. Por falar em gastar, eu decidi que vou arranjar um emprego. Não quero mas depender da minha mãe ou do meu pai. Eu quero ter minha própria vida definitivamente.
Passei pelo porteiro e o mesmo me encarou como se não me reconhecesse. Eu sorri para ele e segui para o meu apê, assim que entrei vi a Lari e a Day sentadas no sofá. Quando me viram, elas pareciam assustadas.
- Maya? É você? - perguntou Lari, se aproximando.
- Não, é o coelhinho da páscoa. - segui até o meu quarto e coloquei as sacolas em cima da cama.
A minha cama é de casal e para vocês terem uma idéia, as sacolas cobriram praticamente a cama toda. Pois é, eu fiz muitas compras. Lari e Day entraram no quarto também e ficaram encarando as sacolas que estavam na cama.
- Maya, você gastou dinheiro com tudo isso? - perguntou Day e eu revirei os olhos. Hoje é o dia das perguntas bestas ou o que?
- Não, Day... Eu comprei de graça.
- Hey, tudo isso é por causa do Robert? - dessa vez foi a Larissa quem falou e eu estreitei os olhos pra ela.
- Não repita o nome desse infeliz na minha frente. Entendeu?
- Tá legal. Desculpa! - ela levantou as mãos em rendição.
- Agora que estamos conversadas, que tal uma balada hoje? - dei meu melhor sorriso e as duas se entre olharam como se eu fosse uma louca. - Ai gente, se vocês não quiserem ir, sem problemas. Eu vou sozinha.
- Não! - Lari praticamente gritou. - Nós queremos ir.
- Queremos? - perguntou Day.
- Queremos. E vamos com você Maya. A gente se vê as 21h pode ser?
- Larissa, em que mundo você vive? Vamos à uma balada. Nos vemos às 23h. - sorri e fui para a cozinha e as duas vieram atrás.
- Tá bom. As 23h. - concordou Lari. - Tchau. Beijos.
- Beijos. - as duas saíram e eu me encontrei sozinha em meu apê.
Robert:
Depois da discussão que tive com a Maya, eu fui para casa mas com uma raiva incomum. Ela estava defendendo aquele ridículo e na minh frente. Eu não acredito que ela fez isso. Está óbvio que ela ainda gosta dele e eu fui tão idiota por achar que ela tinha mudado. Ela nunca vai mudar. Entrei em casa e fui direto para o meu quarto, chegando lá, a Saynara estava sentada em minha cama. Ninguém merece!
- Saynara, eu vou ser gentil enquanto tenho paciência, sai do meu quarto. - falei e me sentei na cama.
- Nossa! O que houve? Descobriu que a sua namoradinha não presta? - ela se aproximou e eu me afastei.
- A única que não presta aqui é você. Lava a boca pra falar da Maya. - rosnei.
- Uh! - provocou. - Tem alguém aqui que está nervosinho.
- Saynara, sai. - já estava perdendo a paciência com ela.
- Está achando o que? Que sou uma cachorra? Eu só quero te ajudar e você aí, me tratando desse jeito.
- Me ajudar? - gargalhei. - Desde quando?
- Desde sempre, Rob. Eu sempre quis te ajudar, mas você insiste em me tratar mal. - ela fez uma voz manhosa que me deu ânsia de vômito.
Quando eu ia responder, alguém bateu na porta. Por um momento, uma fração de segundos, eu cheguei a pensar que pudesse ser a Maya. Que ela iria me xingar por eu ter falado daquele jeito com ela, eu iria pedir desculpas e nós iríamos esquecer essa briga boba. Mas era só uma ilusão. Porque na porta, estava minha mãe.
- Filho, eu preciso roubar a sua prima um minutinho.
- Por mim, que roube pra vida toda. - murmurei. Saynara foi até a porta falar com minha mãe.
As duas falavam baixo e eu não tinha a menor idéia do que era, mas também não queria saber. Depois que elas terminaram de se falar, Saynara pegou a sua bolsa que estava em cima da cama e me encarou.
- Eu vou ter que ir.
- Tchau.
- Mas antes... - ela deu um sorriso e veio na minha direção. Me roubou um beijo que eu só fui me dar conta quando vi a Maya parada na porta. Eu ainda tentei falar com ela mas ela não quis me ouvir. Provavelmente ela não vai querer falar comigo nunca mais. Eu acho que agora eu ferrei o meu namoro de vez.
____________________________________Nota: Espero que preparem os corações para as próximas cenas que virão a partir de... Agora.
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Uma Patricinha Diferente
Novela JuvenilMaya é uma adolescente que tem seu coração partido desde que foi traída por seu ex namorado, Matt. Então ela passou a desacreditar no amor e em todo sentimento bom que possa existir. Desde aquele fatídico dia, Maya se tornou uma verdadeira mimada pa...