Andei novamente pelo curto corredor procurando me acalmar, mas é meio que impossível se acalmar em um hospital. Eu não tenho notícias do Matt já faz duas horas e ninguém aqui diz nada, aquela recepcionista idiota só fica no telefone ao invés de fazer algo útil de verdade e a vontade que dá é de chegar lá e arrancar aquela droga de telefone do fio. Tá legal, eu estou em um estado de nervos. Preciso me acalmar porque ficar nervosa e com raiva não vai ajudar em nada. Mas que droga, eu só queria saber como aquele idiota está. E por que eu estou me sentindo tão culpada? Talvez eu seja. Se eu não tivesse discutido com ele, agora ele poderia estar bem e não em um hospital.
Não, não, não. Eu não vou me culpar. Ele se embebedou porque ele quis.
Voltei para a sala de espera e vi minha mãe dormindo com a cabeça apoiada no ombro do meu pai, Robert estava sentado ao lado deles e as meninas foram cuidar do Miguelzinho. Eu não sei o que faria sem elas.
- Maya, você precisa descansar. - Robert disse, se levantando e vindo até mim.
- Não, Robert. Não posso descansar sem saber o estado dele. - comecei a andar de um lado para o outro em um ato de nervosismo. - Meu Deus! Já se passaram 2 horas e nada. Que droga de hospital é esse? - pronunciei irritada.
- Hey, se acalma, tá bom? Logo deve vir um médico explicar a situação dele. - ele me puxou para um abraço e eu apoiei minha cabeça em seu peitoral. - Mas agora, apenas se acalme.
- E se ele morrer, Robert? - perguntei sentindo um nó se formar em minha garganta.
- Vai ser lamentável, sim, e também doloroso, mas ele tem uma doença. Isso já era esperado.
- É minha culpa, Robert. - escondi meu rosto em seu peitoral sentindo as lágrimas descerem. - Se eu não tivesse dito que não iria mais ficar com o Miguelzinho, talvez ele...
- Maya, pare de se culpar. Não é culpa de ninguém, apenas uma fatalidade. - ele deixou um beijo em minha testa me apertando mais contra o seu corpo. - E ficar nervosa assim não vai ajudar em nada.
- Você tem razão. - respirei fundo. - Eu tenho que me acalmar.
- Isso mesmo! Eu vou buscar um copo de água para você. - assenti e ele saiu. Me sentei ao lado do meu pai e respirei fundo mais uma vez. Por que ninguém veio dar uma notícia sobre ele ainda? Deus do céu!
- Alguém aqui é parente do Matheus Cardoso? - um médico perguntou e eu me levantei.
- Bom, eu não sou exatamente parente.
- Namorada?
- Não. Apenas uma amiga. A família dele não está aqui. - ele olhou umas folhas que estavam em suas mãos.
- Tudo bem. - deu de ombros. - Bom, você já deve saber que o Matheus tem câncer, certo?
- Sim, doutor. Mas eu quero saber o estado dele.
- Grave. O câncer já tomou conta de 90% do corpo dele, incluindo os rins e a bebida alcoólica não ajudou muito. Ele está em coma intensivo. - me sentei novamente em estado de choque. Meu Deus! Ele está em coma.
- Ele vai se recuperar, não vai? - minha voz saiu embargada.
- Senhorita, eu posso ser bem sincero? - assenti e ele continuou. - Acho que as chances dele acordar desse estado de coma é de 1% em 100%.
- Meu Deus! - levei à mão a boca. Abri a boca para falar mas nada saiu, apenas as lágrimas desciam furiosamente enquanto a minha visão estava turva devido às lágrimas.
Então é assim? Em um dia ele está bem e no outro ele simplesmente deixa todos nós? E o filho dele? Eu achei que seria forte e que aguentaria quando chegasse essa hora mas não. Eu não sou forte e não aguento. Sinto como se uma dor interna me dominasse completamente por dentro, não exatamente o meu corpo e sim o meu coração. Parece que até agora a ficha não caiu, eu estou desacreditada de que isso realmente está acontecendo.
- O que houve? - Robert perguntou assim que chegou. Eu não o respondi, apenas o abracei com força enquanto molhava toda a sua camisa com as minhas lágrimas.
Me sinto tão vulnerável. Tudo seria tão mais fácil se eu ainda estivesse com um ódio mortal dele. Por que ele voltou? Por que deixou o Miguelzinho comigo? E por que está indo embora novamente, só que para sempre? Eu queria que ele aparecesse nesse corredor agora e me dissesse que é uma de suas brincadeiras idiotas. Queria que ele começasse a rir de mim por eu estar chorando feito uma criança nesse momento. Queria que essa dor apenas... Parasse, nem que fosse por um segundo, queria ter o Matt de volta.
Abri os meus olhos devagar e a claridade do hospital me fez fazer uma careta. Só então percebi que estava com a minha cabeça apoiada no ombro de Robert. Ele também está dormindo ao meu lado e eu me sinto culpada por estar fazendo ele ficar aqui. Meus pais foram descansar e disseram que voltariam mais tarde. Já está amanhecendo e eu continuo aqui, sem noticias. Mas quais eu poderia ter? Ele está em coma então o que vai haver daqui para frente? Como vamos enfrentar isso? E quando digo "vamos", quero dizer eu e o Miguel. Como eu vou enfrentar isso? Tá, eu estou sendo dramática sim mas poxa... Ele foi o meu primeiro namorado. Aquela ilusão de que o primeiro amor durará para sempre e nunca te fará sofrer ou chorar se fez presente na minha vida quando eu tive o Matt ao meu lado. E agora? Agora ele está deitado em uma cama de hospital enquanto eu estou sentada em uma cadeira desconfortável esperando o médico aparecer e dizer " Ele já está melhor e vai se recuperar". Mas não, isso não vai acontecer. E é esse fato que está me destruindo por dentro.
- Robert? - o chamei e ele apenas murmurou um "Hum". - Hey, acorda!
- O que foi? Ele acordou? - perguntou com a sua voz sonolenta e eu sorri por ele estar também se preocupando com o Matt.
- Não. Mas eu preciso ir para casa. Tenho que tomar um banho, comer alguma coisa e tentar dormir. - me levantei. - Você vem?
- Claro! - se levantou também.
(...)
Me joguei no sofá e respirei fundo, sentindo todo o meu corpo relaxar e o cheiro tão familiar do meu apartamento invadir minhas narinas. Meu cabelo ainda está molhado pelo banho que acabei de tomar e meus olhos estão pesando, implorando, para que eu vá me deitar mas estou os obrigando à ficarem acordados. Pode ser que meus pais me liguem dizendo que ele já acordou... Ou não.
Senti um cheiro de queimado e fui até a cozinha. A imagem de Robert tentando fazer panquecas é simplesmente hilária. Como é possível que um homem já criado não saiba fazer panquecas? Não pude evitar rir e ele se virou para trás, ao ouvir o som da minha risada.
- Posso saber do que a senhorita está rindo? - perguntou em um tom divertido enquanto desligava o fogo.
- De você. - me aproximei. - Aliás, você é um ótimo cozinheiro! - zombei e ele fez uma careta.
- Estava tentando fazer algo especial para a minha namorada. Mas acho melhor pedir uma pizza.
- Own, que fofo! - ele circulou seus braços em minha cintura, fazendo meu corpo grudar ao dele.
- O que? Eu tentar cozinhar?
- Ouvir você dizer "minha namorada". - sorri.
- Posso repetir todos os dias se você quiser. - deixou um beijo em meu pescoço. - Só para que todos saibam que você é minha namorada. - ele deu um meio sorriso e em seguida trouxe seus lábios de encontro aos meus, me dando um beijo calmo porém onde ele demonstrava todo o seu amor. Um amor que eu nunca imaginei viver. Não assim, não tão intensamente. E por um momento, nos braços de Robert, eu me senti segura e esqueci de tudo. Tudo o que me atormentava.
___________________________________Nota: Hey, como vocês estão? Espero que bem e para quem não está tão bem, espero que as coisas melhorem. Enfim, vim agradecer pelos votos e comentários, vocês são uns amores! Beijos e até sexta!
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Uma Patricinha Diferente
Fiksi RemajaMaya é uma adolescente que tem seu coração partido desde que foi traída por seu ex namorado, Matt. Então ela passou a desacreditar no amor e em todo sentimento bom que possa existir. Desde aquele fatídico dia, Maya se tornou uma verdadeira mimada pa...