Chapter Forty-Six || R.I.P Matt

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Olhei novamente o meu reflexo e suspirei pesadamente. Quem diria? Eu sempre odiei a cor preta e agora... Bom, agora eu estou usando um vestido de renda preto que vai até o meio das minhas coxas e um salto também preto. Tudo isso só para estar na presença dele uma última vez. Meus cabelos estão soltos e os óculos escuros estão escondendo as olheiras da noite mal dormida e das lágrimas que insistiram em me fazer companhia essa madrugada. Eu realmente estou fazendo isso. Eu estou indo para o enterro do Matt e parece que a ficha ainda não caiu. Parece que não vai cair.

- Maya? – olhei pelo espelho e pude ver Robert parado na porta. Ela está vestindo um terno preto, seus cabelos perfeitamente penteados e seu sapato social impecável. Ele está impecável. – Está pronta?

- Não. – suspirei e ele veio ao meu encontro. Robert passou os braços pela minha cintura, me abraçando por trás e eu encostei minha cabeça em seu peito.

- Eu estou com você, minha linda! Vou ser o seu porto seguro sempre que você precisar e te dar forças sempre que você achar que não tem. Embora você tenha mais do que imagina. – dei um meio sorriso encarando o seu reflexo no espelho e me virei, ficando de frente para ele, o abraçando em seguida.

- Eu te amo! – sussurrei contra o seu peito e senti ele dar um beijo no topo da minha cabeça.

- Eu também te amo.

- Nós temos que ir agora, não é? – perguntei já me afastando e ele assentiu. – Eu já vou sair.

- Tudo bem. – me deu um selinho e saiu do quarto.

Respirei fundo novamente e peguei meu celular que estava jogado em cima da cama. Era agora. Eu sabia que precisava enfrentar isso em um desses dias que estavam por vi, só não sabia que seria tão cedo, só não sabia que seria tão drástico, são não sabia que me machucaria tanto. Saio do quarto e vejo meus pais na sala conversando com o Robert. Com tudo isso acontecendo, até esqueci de questionar o fato da minha mãe estar morando com meu pai novamente. Espero que eles tenham se acertado e decidam tentar fazer o casamento deles dar certo porque eles merecem isso. São 35 anos de casados. Para ficarem tanto tempo assim, é porque se amam então não vale a pena jogar tudo no lixo por seja lá o que aconteceu.

- Filha! – meu pai veio até mim e me abraçou assim que me viu.

- Oi, papai!

- Eu sinto muito, princesa.

- Eu também sinto, pai. Acredite em mim! – suspirei e me soltei do seu abraço. – Podemos ir? – perguntei a todos que estavam na sala e eles assentiram.

Nós saímos do meu apartamento e meu pai foi no carro com minha mãe, eu fui no carro com Robert. O caminho foi feito em silêncio, não era um silêncio desconfortável, era apenas um silêncio necessário para que nós pudéssemos refletir um pouco. A chuva caía fortemente fazendo as várias gotas de água escorrerem pela janela do carro. Eu nunca me senti tão triste em um dia de chuva. As pessoas andavam rapidamente na rua com seus guarda chuvas e algumas até corriam sem ter com o que se proteger dos pingos fortes de água. Quando eu era criança, eu corria para o jardim toda vez que chuvia. Não para brincar na chuva como qualquer outra criança normal, eu apenas corria para o jardim porque eu gostava de ver as plantas molhadas. Aquelas gotas de água descendo por suas folhas, eu achava isso interessante. Eu pensava em ser bióloga ambiental, eu simplesmente amava a natureza. Não que eu não a ame mais, só acho que não sei ao certo que rumo seguir ou o que fazer. Eu estou perdida. Sem um rumo fixo para seguir e nunca imaginei que minha vida chegaria a esse ponto.

- Chegamos! – nem reparei que já estávamos em frente ao velório até ouvir a voz de Robert. Desci do carro e ele fez o mesmo, dando a volta e parando ao meu lado.

Uma Patricinha DiferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora