Robert:
Já se passou 1 mês, 2 dias e 43 horas que eu não sei como ela está e onde ela está. A cada noite que se passa, a única coisa que consigo pensar é que ela está mal ou... Morta. Pensar isso me faz querer beber para esquecer, então eu apago e tenho pesadelos em que ela sempre aparece sangrando e sendo maltratada. E aí vem a parte mais deplorável, eu choro. Sim, eu choro mas não me julgue. Todo homem chora e quando é por alguém que ama, chora como um bebê que acabou de nascer. Todas as noites que se passam, eu vejo os pingos de esperança ameaçarem ir embora então eu ligo desesperadamente para o meu pai, rezando para que ele tenha ao menos uma suspeita de onde ela possa estar, mas ele nunca sabe. Diz que está se esforçando e eu não duvido, mas seu esforço não é o suficiente. A polícia também está atrás dela mas sem sucesso, eles também não a encontram. Eu já não sei mais o que fazer. Confesso que esgotei todas as possibilidades que tenho de achá-la e agora só me resta ter esperança de que ela esteja viva e bem. Parece que essa Gisele sumiu do mapa.
- Não fique assim. - olho para trás e vejo minha mãe entrar em meu quarto.
- Sai daqui. - disse ríspido.
- Robert, se aquela garotinha sumiu, significa que é um sinal. Vocês não devem ficar juntos, meu filho! - a olho incrédulo.
Não é possível que com tudo o que eu esteja passando, todos esses dias em que ela está sumida, sua família e seus amigos estão desesperados, minha querida mãe não pode nem ao menos fingir que está sentida com isso. Ah, mas é claro que não! Ela é a Rosa Rodriguez. A mulher espetacular que nunca desce do seu salto de R$ 1.500,00 e que nunca se abala com nada e por nada. Quem somos nós — meros mortais — perto dela? Nada. Até mesmo o filho dela não é nada pra ela.
- Você é uma mulher desprezível. - despejei e me levantei. - Eu estou cansado de você, do seu egoísmo e do seu egocentrismo.
- Como você se atreve a falar assim comigo? Eu sou a sua mãe.
- É, mas eu não tenho culpa. - peguei uma mochila e fui até o meu closet, colocando o máximo de roupas que eu podia ali dentro. - Eu não pedi para nascer de você. E quer saber? Quando eu achar a Maya, e eu vou achar, nós iremos morar bem longe dos seus venenos e da sua falsidade. Porque eu estou cansado de você, mamãe.
- Robert Rodriguez, eu não admito que fale assim comigo. - se aproximou. - O que você está fazendo?
- Estou indo para longe de você. – fechei a minha mochila. – Vou para um lugar onde você não possa me achar ou saber de mim. Eu estou de saco cheio. – coloquei a mochila nas costas e saí do meu quarto, descendo os degraus em seguida.
- É mesmo? E vai morar aonde? Na rua? Você não passa de um filho mimado que não tem dinheiro, Robert. – ela disse atrás de mim. – E se passar por essa porta, não deixarei que volte.
- É? Então observe enquanto eu vou embora. Adeus, Rosana! - e saí.
Comecei a andar pela calçada quando meu celular tocou. O atendi no segundo toque.
** Ligação On **
- Robert?
- Oi, pai!
- Eu tenho uma notícia para te dar.
- Que seja uma boa, por favor!
- Achei ela.
Maya:
Eu não sei a quantos dias estou aqui, mas sei que são muitos. Eu perdi a esperança de que alguém viesse me buscar, perdi a esperança de que o Robert viesse me buscar. Eu tenho que entender que isso não é um daqueles contos de fadas em que o príncipe vem buscar a princesa. Isso é a vida real e eu vejo a morte mais de perto a cada dia que me recuso a comer algo e cada dia em que sou torturada mais e mais. Eu não sei o que me mantém viva, mas sei que não durará muito tempo. Talvez ainda seja a esperança de que ele vai vir. Porque bem no fundo, eu sinto que ele vai vir.
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Uma Patricinha Diferente
Fiksi RemajaMaya é uma adolescente que tem seu coração partido desde que foi traída por seu ex namorado, Matt. Então ela passou a desacreditar no amor e em todo sentimento bom que possa existir. Desde aquele fatídico dia, Maya se tornou uma verdadeira mimada pa...