A chuva não cessava. Ela caía incessante, batendo com força nas janelas da cabana, como se a própria natureza quisesse testemunhar o fim daquele pesadelo. O som da tempestade se misturava ao silêncio tenso do grupo, agora desacreditado e em estado de choque. O que restava de nós estava com os corpos e mentes exauridos, mas nossos olhos estavam fixos, incapazes de desviar do que acontecia diante de nós. A revelação que nunca imaginamos, a face do verdadeiro vilão, finalmente estava prestes a ser desmascarada.
O que restava da luta era um cenário de desolação. Blake, ainda ferido e sangrando, tentou se manter firme, mas sua expressão era de dor e incredulidade. Ethan, ao seu lado, estava caído no chão, mas ainda consciente, seu corpo completamente marcado pelas lâminas afiadas do assassino. Mia, com as roupas rasgadas e a respiração ofegante, olhava para o grupo com um misto de confusão e raiva. Era como se tudo ao nosso redor fosse um filme distorcido, onde a realidade e a loucura se confundiam a cada segundo.
Mas o que mais nos deixou paralisados foi o rosto de Gabriel. Ele estava amarrado a uma cadeira no centro da sala, o olhar vazio e desesperado, como se já soubesse que sua vida estava prestes a terminar. Ele foi o cúmplice, mas não o responsável. No entanto, seus olhos, agora fixos em Nathan, estavam cheios de algo mais do que apenas medo. Era a vergonha, a culpa de ter se envolvido com aquilo tudo, e o terror de saber que a verdade estava prestes a se revelar.
Nathan, ferido e com os olhos ainda cheios de uma raiva incontrolável, estava de pé, olhando para Gabriel com desprezo. As palavras que se seguiram não foram mais do que um sussurro de ameaças, mas o peso delas era capaz de derrubar qualquer um. "Você sempre soube, Gabriel. Sempre soube que eu estava observando, não é?"
Aquele momento, que parecia ser uma simples troca de palavras, logo se transformou em uma guerra. Gabriel, com um sorriso cruel, respondeu: "Eu só fazia o que me mandavam. Não sabia do que você era capaz. Eu estava apenas... seguindo suas ordens."
Mas a verdade nunca é tão simples, e Nathan sabia disso. Seus olhos se estreitaram, e antes que pudéssemos perceber, ele já estava em cima de Gabriel, a faca que ele carregava há tanto tempo agora cravada na barriga do homem amarrado. O som do metal entrando na carne fez todos nós saltarmos de susto, mas o pior ainda estava por vir.
Gabriel não teve tempo de gritar. A dor foi instantânea, mas não era essa a pior parte. O pior foi a revelação que seguiu o golpe. Nathan, com sua expressão de frieza absoluta, ergueu a faca ensanguentada e olhou para nós, como se estivesse prestes a contar a história que todos ignoravam. "Eu sou o assassino", ele declarou, sua voz baixa, mas carregada de um peso que fez o ar na sala gelar.
Houve um silêncio mortal. Todos os nossos olhos se voltaram para ele, tentando processar a afirmação que parecia impossível. Nathan? Ele era o amigo quieto, o observador. O garoto com o olhar tranquilo, muitas vezes alheio a tudo, mas que sempre parecia estar ali, por perto, quando as coisas começavam a dar errado. Como alguém tão próximo a nós poderia ser o monstro que nos caçava?
"Você... você está mentindo!" Mia conseguiu dizer, a voz embargada pela incredulidade. "Você não... não pode ser!"
Nathan riu, mas foi uma risada amarga, como se ele estivesse se divertindo com a nossa confusão. "Ah, Mia, você realmente acha que alguém como eu poderia ser assim? Como um assassino, um monstro? Não, não. Eu só estava fazendo o que precisava ser feito. Para que tudo fosse perfeito."
"Perfeito?" Luke disse, tentando entender. "Você está dizendo que tudo isso foi... planeado?"
Nathan o encarou, sem se mover, como se estivesse esperando por essa pergunta. "Claro que sim. Nada acontece sem uma razão. Eu não fiz isso por diversão, nem por ódio. Fiz porque vocês eram um obstáculo para o meu plano. E o plano precisava ser cumprido."
A confusão tomou conta de todos nós. As palavras de Nathan eram desconcertantes, mas a explicação estava começando a se formar, como um quebra-cabeça tortuoso e cruel. "Você nos caçou, nos matou, porque estava... tentando atingir algo maior?" Blake perguntou, sua voz fraca, mas ainda assim tentando compreender a lógica distorcida por trás do plano.
Nathan assentiu lentamente, como se tivesse se preparado para aquela pergunta há muito tempo. "Sim. Eu precisava que vocês estivessem aqui, nesse lugar. Eu sabia que, se eu os atraísse, tudo aconteceria da maneira certa. Tudo o que fiz foi para que a história fosse reescrita. Para que eu tivesse controle sobre o que aconteceria depois."
"Nathan, não faz sentido!" Ethan gritou, a dor ainda visível em seu rosto, mas sua raiva superando o medo. "O que você quer dizer com isso?"
"Eu quero que vocês entendam, finalmente", disse Nathan, com uma expressão quase de satisfação. "Eu não sou apenas um assassino. Eu sou... uma peça. Uma peça dentro de um jogo maior. O que estou fazendo aqui não é só para meu próprio prazer. Isso tudo é uma questão de controle, de manipulação. O que vocês não sabem é que tudo isso foi filmado. Cada momento que vivemos aqui foi capturado por câmeras ocultas que eu instalei ao longo do tempo."
A revelação de Nathan deixou todos em estado de choque. Ele estava jogando um jogo, mas não era apenas sobre nós. Era sobre a cidade, sobre algo muito maior. Algo que todos ignoravam até então. "Câmeras? Você estava nos filmando o tempo inteiro?" Mia murmurou, ainda incrédula.
"Sim. E não é só isso", Nathan continuou. "Eu sou parte de uma produção, uma história que vai além de todos nós. Tudo foi armado, manipulado. Até mesmo as mortes de alguns de vocês foram parte de um roteiro. Eles estavam esperando o momento certo para agir, para fazer com que tudo acontecesse da maneira mais eficaz."
O horror se apoderou de todos. Não apenas fomos manipulados por Nathan, mas também fomos parte de um show que nunca soubemos que existia. A cada movimento que fizemos, a cada morte que presenciamos, tudo fazia parte de uma peça de teatro macabra.
"Quem... quem está por trás disso?" Luke perguntou, a voz trêmula.
"Os produtores", respondeu Nathan, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. "Eles controlam tudo. E agora que o plano foi cumprido, é hora de terminar o jogo."
Mas antes que pudéssemos processar mais alguma coisa, os sons de sirenes começaram a ecoar pela floresta. A polícia estava chegando. Mas o que aconteceria agora? A prisão de Nathan significava o fim do jogo? Ou ele era mais astuto do que todos nós imaginávamos?
"Este é o fim", Nathan disse, sua voz calma e fria. "Mas não é o fim para mim. Eu sempre soube como sair dessa. E vocês... bom, vocês foram apenas as peças que precisavam ser sacrificadas."
Ele se virou para tentar fugir, mas a polícia finalmente invadiu a cabana, e os gritos de "Polícia! Levante as mãos!" cortaram o ar. Nathan foi cercado, e, antes que pudesse reagir, foi imobilizado e algemado. Mas, mesmo enquanto era levado para fora, ele ainda sorria, como se soubesse que, de alguma forma, ele já havia vencido.
O que restava de nós foi levado para o hospital. Nossos corpos estavam feridos, mas nossas mentes ainda estavam em choque, tentando entender tudo o que havíamos vivido. E, embora a polícia tivesse levado Nathan, algo nos dizia que a história estava longe de acabar. A segunda temporada estava por vir, e não sabíamos o que o futuro nos reservava.
Mas, por enquanto, tudo o que podíamos fazer era olhar para o que restou da noite: um campo de batalha onde a verdade finalmente havia sido revelada, mas com um custo tão alto que não sabíamos se conseguiríamos nos recuperar.
FIM DA 1º TEMPORADA
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Silêncio Mortal
TerrorEm uma cidade pequena marcada por segredos e tragédias, uma série de assassinatos brutais transforma o cotidiano em um pesadelo. Enquanto o medo se espalha, um grupo de jovens tenta desvendar a identidade de um assassino mascarado que parece sempre...