Quando o quente e o frio se misturam, ocasiona um choque térmico. Então, o que mais poderia acontecer no encontro de duas almas tão diferentes?
De um lado há Alice, uma menina doce e ingênua, tem seus princípios e segue o caminho de Deus no evangelh...
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៚ Alice Trindade
Não sei o que deu em mim nesse dia. Talvez seja a euforia de tanta coisa acontecendo ou o sonho avassalador que tive com o cara que eu mais deveria odiar no mundo.
Sim, eu sonhei com Guilherme. E foi quente, caloroso, bom e tão, mas tão bom, que sinto meu corpo incendiar só de olhar pra ele e lembrar.
Eu não sabia exatamente como tínhamos saído do baile, mas lembro que os passos dele guiando os meus se tornaram uma necessidade. Estava difícil respirar direito. Ele me olhava com uma intensidade que me fazia querer me afastar, mas ao mesmo tempo, minha vontade era ficar ainda mais perto.
Guilherme me puxou para a rua. O baile ficou pra trás, e o som da festa foi diminuindo à medida que caminhávamos, até desaparecer por completo. O morro agora parecia mais sombrio, e o cheiro do ar fresco me fazia sentir ainda mais fora de controle.
Eu não protestei quando ele me levou até a moto estacionada. Ele me olhou, o sorriso no rosto como quem sabia exatamente o que estava fazendo, e sem dizer nada, me ajudou a subir na moto. A presença dele por perto me fazia ficar sem palavras, mas ao mesmo tempo, aquela adrenalina, a sensação de estarmos sozinhos, em um lugar isolado, me deixava ainda mais elétrica.
— Segura aí — ele disse, com a voz baixa, e foi tudo o que eu precisei para me aproximar ainda mais dele.
A moto rugiu quando ele deu partida, e o vento passou por mim, como se a velocidade também estivesse tentando tirar tudo de dentro de mim. Eu poderia ter ficado com medo, mas não tinha espaço para medo agora. Só sentia a pressão de estar com ele, e isso me dava um prazer estranho, difícil de explicar.
Subimos as ruas do morro, contornando algumas curvas e indo mais para o alto, onde as casas ficavam mais afastadas. Tudo estava calmo, a cidade abaixo de nós parecia distante, e parecia que o mundo, o baile, as pessoas, não existiam mais. A única coisa que eu conseguia focar era o som da moto e a proximidade dele.
A cada curva que passávamos, meu corpo se aproximava ainda mais dele. As mãos dele estavam firmes no guidão, mas eu sabia que ele podia me sentir, que o que estava acontecendo não tinha mais volta.
A moto parou.
Guilherme se virou para mim e, dessa vez, o olhar dele foi diferente. Não havia mais provocação, nem ironia. Era algo mais intenso, mais direto. Nossas mãos se encontraram numa cumplicidade estranha, como se fizéssemos isso o tempo todo e, juntos, subimos algumas pedras que nos deixava oficialmente no alto do morro. A vista daqui era linda, todo o morro abaixo de nós parece pequeno visto de cima.
Ele havia me trazido aqui apenas uma vez. Não faz tanto tempo assim, mas me dá a impressão de ter sido uma eternidade.
— Com que frequência você vem aqui? — questionei, olhando fixamente a vista à nossa frente.