Quando o quente e o frio se misturam, ocasiona um choque térmico. Então, o que mais poderia acontecer no encontro de duas almas tão diferentes?
De um lado há Alice, uma menina doce e ingênua, tem seus princípios e segue o caminho de Deus no evangelh...
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៚ Alice Trindade
O que está acontecendo com ele?
Essa pergunta rodeava a minha mente enquanto assistia o show tenebroso que ele estava dando na minha frente. Não só na minha, mas sim de todos da boca.
O clima na boca era pesado, sufocante. Cada pessoa ali segurava a respiração, esperando o próximo movimento de Guilherme, mas ninguém ousava intervir. Era como se ele tivesse se tornado um animal selvagem, perigoso demais para se aproximar.
Eu me encolhia atrás dos traficantes, tentando passar despercebida, mas meus olhos não conseguiam desviar dele.
Uma metralhadora estava atravessada na suas costas enquanto uma pistola estava na sua mão. Na frente dele, um menino qualquer, quase ajoelhado no chão e se tremendo de medo.
O garoto na frente dele parecia ter no máximo 16 anos, tremendo como uma folha ao vento. Ele gaguejava algo que eu não conseguia entender, as palavras atropeladas pelo pavor.
— Tá achando que aqui é bagunça, moleque? — Gv rosnou, pressionando a arma contra a testa dele. — Tu acha mesmo que pode me enganar?
O menino balançou a cabeça freneticamente, os olhos cheios de lágrimas.
— Eu... Eu juro que não foi eu, eu só... Eu só quero ajudar minha família, eu... Eu não fiz nada.
— Família? — Guilherme riu, mas o som foi seco, vazio. — Eu também tenho uma família pra cuidar. E sabe o que acontece se tu pisa na bola comigo? Ela paga o preço.
Minha garganta apertou. Ele estava levando isso longe demais, mesmo para os padrões daqui. O olhar dele estava sombrio, como se não restasse nada humano ali.
— Por favor, Gv — o menino suplicou — Eu não fiz nada.
— Vou contar até dez. Se tu confessar de uma vez, eu penso se tenho pena de tu — ameaçou — Mas se continuar negando, vou estourar a tua cabeça de tiro.
Ele jamais teria pena desse garoto, mesmo que ele confessasse. Eu, ele, o garoto e todos aqui sabiam disso. Guilherme queria apenas ouvir a confissão saindo da boca dele, ele queria ter certeza que conseguiu eliminar a pessoa certa.
— Um. — ele começou a contagem.
Uma aflição cresceu em mim.
— Dois.
A voz de Guilherme era grave, cortante, como uma lâmina passando por uma corda já desgastada. Cada número que ele pronunciava parecia pesar ainda mais no ar.