Visitando Belinda

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 Kadu

Dormir na mesma cama que Belinda foi o mais complicado, nenhum dos dois quis ceder o lugar. Belinda deitou na ponta da cama e apagou antes mesmo que eu contasse até dez. Demorei um pouco, por que embora ela tivesse afirmado que o sangramento no seu nariz não fora nada de mais, fiquei preocupado.

O seu celular não parou de receber mensagens. Jessye e Nanda estavam mandando uma mensagem atrás da outra. Tomei a liberdade de responder por ela. Falei apenas que estava bem e que voltaria no dia seguinte.

Na manhã seguinte, retornamos para o Rio depois do café. Sobre muita relutância, Belinda me deixou conduzir seu carro. Como ela não mencionou mais nada sobre sua invasão ao apartamento, deduzi que ela não se meteria mais no assunto. Mas só para garantir, conversaria com ela em outro momento.

Mesmo dizendo que não estava com sono, ela acabou adormecendo e só acordou quando entramos no estacionamento da faculdade.

– Belinda, por favor, nada de bancar a detetive outra vez, ok?

– Relaxa Kadu. Ficarei quietinha agora.

– Isso é uma promessa? – perguntei.

– Eu não já disse que vou parar? O que fará em relação ao seu pai e as minhas fotos?

– Ainda não sei. Preciso pensar direito. Suas fotos posso te devolver mais tarde. Dá uma passada no meu apartamento.

– Não sei se poderei ir hoje. Estou com muito trabalho acumulado na redação.

– Se preferir, posso dar uma passada lá mais tarde.

– Você perdendo seu precioso tempo indo na minha sala?

– Estava esperando quanto tempo você levaria para voltar com seu ar debochado.

– Se fosse diferente, não seria eu. – ela riu. – Preciso voltar para o jornal. Já perdi a aula mesmo.

Belinda trancou seu carro e começou a caminhar para o prédio estudantil.

– Belinda, espera.

– O que foi?

– Em relação ao sangramento, dá uma passada no médico.

Ela revirou os olhos.

– Já falei que não foi nada. Tive uma vertigem. O sangramento deve ter sido por isso.

– Não custa nada verificar.

– Kadu, eu sei que estou bem. Faço exames periodicamente, então, eu tenho certeza que não tenho nada.

Quando ela sumiu, segui para meu apartamento. Assim que coloquei a chave na porta, Nick apareceu do lado.

– Onde esteve ontem à noite? Passei aqui e não te encontrei.

– Estava fora da cidade resolvendo algumas coisas.

– Nossa mãe disse que você foi ver Duda.

– Fui. Qual o problema nisso?

– Nenhum, mas sei que você não gosta de ir ao hospital.

Eu estava com um grande problema, mas por enquanto, eu não poderia contar para ele.

– Eu só senti saudades da Duda. É difícil vê-la naquela situação, mas se fico muito tempo sem ir, parece que a abandonei.

– Eu sei como se sente.

Destranco a porta e sigo direto para a cozinha pegar uma garrafa de água. Nick se apoia na bancada e me encara.

– Tem certeza de que está tudo bem? Parece angustiado.

Antes de você - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora