Procura-se Belinda

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Procura-se Belinda

Kadu

Quando voltamos para o Rio, pedi que Belinda não falasse nada para Nanda e muito menos para Nick. Eu iria encontrar uma maneira de resolver tudo sem envolver mais ninguém. Como chegamos tarde, acabamos não indo para a aula. Passei o restante da manhã vendo em quem eu poderia confiar para tentar uma ordem de proibição do desligamento dos aparelhos que mantêm Eduarda viva. Não obtive muito sucesso.

No final da tarde, depois de me estressar por não ter conseguido nenhuma resposta imediata, resolvi fazer uma visita para minha irmã. Fazia tempo que eu não ia visitá-la, não por que não quisesse, mas sim por que me machucava cada vez que a via deitada naquela cama. Dois anos já haviam passado, mas a dor ainda era a mesma.

As enfermeiras já estavam acostumadas com a presença da minha família, então deram passagem direta para minha entrada no quarto. O quarto estava bem iluminado e em cima da mesa, localizado perto da sua cama, havia um jarro com flores brancas, as preferidas de Eduarda. Com certeza era obra da minha mãe. Ela sempre fazia questão de deixar algo que minha gostava perto dela.

Um médico, um pouco mais velho do que eu, imagino, estava medindo sua pressão e vendo se seu quadro havia sofrido alguma mudança.

– Boa tarde. – falei quando entrei.

– Boa tarde. Você deve ser Kadu.

– Sim, como sabe? Vejo que é novato. Onde está o doutor Rodrigues?

– Fui avisado de sua chegada. O senhor Rodrigues teve que se ausentar por alguns dias e me deixou como seu substituto até sua volta. Sou Adam Lenis. – ele falou oferecendo a mão para me cumprimentar.

Aceitei seu cumprimento e depois me aproximei da cama.

– Alguma mudança? – perguntei esperançoso.

– Não. Ela ainda continua no mesmo estado. De vez em quando seus batimentos tem uma alteração, mas nada muito fora do normal.

Toquei seu rosto e sua pele continuava macia, parecia uma porcelana. Minha irmã sempre foi muito vaidosa.

– Vou deixar vocês a sós. Volto mais tarde para medir sua pressão.

– Obrigado.

Quando ele saiu do quarto, puxei uma cadeira para perto de sua cama e sentei, segurando sua mão entre as minhas.

– Estou perdido Duda. Nossa família está se destruindo. Nossa mãe sofre com sua ausência, Nick saiu de casa e nosso pai está envolvido em algo sujo que me recuso a falar com você. Não sei se você pode me ouvir, mas preciso que acorde.

Às vezes era estranho conversar com ela. Era como estar sentado em uma poltrona com seu psiquiatra, onde só você fala e ele lhe ouve. Mas ao mesmo tempo era relaxante. Eu saía do hospital um pouco mais leve.

Conversei com ela por mais de uma hora até o médico voltar e informar que eu precisava sair. As enfermeiras viriam em poucos minutos para dar banho nela e fazer novos testes. Despedi-me e voltei para meu apartamento.

Quando estava entrando no estacionamento, Babi estava saindo do carro e vindo em minha direção. Esse era um péssimo momento para conversar.

– Por onde você andou ontem? Te liguei várias vezes e não me atendeu.

– Estava resolvendo alguns problemas.

– Em Angra?

– Se sabe onde eu estava, por que está me perguntando? – falei trancando o carro e seguindo para o meu apartamento.

Antes de você - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora