Acho que o destino me odeia

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Quando acordei, logo depois do meio-dia, coisa que nunca havia feito, percebi que Jessye já tinha se levantado. Conhecendo minha amiga como conheço, não duvido que ela estivesse na cozinha, devorando um dos pães doces que só a Sônia sabe fazer. Juro que não sei como Jessye ainda não virou uma Orca. Ela come tudo e não realiza um exercício, como isso é possível? Se faço isso, na semana seguinte estarei usando tamanho GG.

Ainda brigando com o sono, arrastei-me para a cozinha. Odiava acordar tarde, odiava mais ainda tomar café sozinha. Quando Jessye resolvia vir dormir comigo, sempre fazíamos isso juntas. Era como se fôssemos irmãs de sangue, claro que não estou falando que Ivy também não seja, mas quem tem duas amigas totalmente diferentes, sempre tem uma que você se apega mais.

— Bom dia, Sônia, onde está a Jessye? — Perguntei sentando a mesa.

— Saiu há dez minutos.

— Pensei que ficaria o dia todo comigo.

— Ela disse que iria em casa trocar de roupa e fazer outra coisa que agora não me lembro, mas que voltaria mais tarde para ir ao cinema com você.

— Entendi. O que temos para o café, se é que sobrou algo, já que Jessye come por nós duas.

— Realmente, sua amiga é um dragão quando se fala de comida. — Sônia riu. — Mas preparei suas panquecas preferidas, queijo e presunto.

— Hum! Ai que delícia! — falei saindo da mesa e indo para a bancada da pia, onde já havia uma bandeja recheada. — Senti tanta saudade delas.

— Então coma tudo.

— Não posso. Depois terei que correr horrores para perder todas as calorias que vem com elas.

— Você e sua mania de que engordará. Garota, você é um palito.

— Agora sou por que me esforço bastante. Não posso relaxar.

Sônia revira os olhos e volta para o fogão.

— Nunca entenderei a cabeça dessa nova geração.

— É melhor desistir mesmo, somos complexos demais para sermos entendidos.

— Percebi.

Após tomar café, voltei para o meu quarto e me joguei novamente na cama. Como meus pais já haviam voltado para sua rotina, eu estava no escanteio de novo. Não que eu achasse isso ruim, até gosto, porque meus pais sabem ser bem grudentos quando querem, ainda mais por que sou filha única. Uma pena que minha mãe não conseguiu engravidar de novo. Penso que tudo seria mais simples e legal se eles tivessem outro filho a quem pudessem mimar.

Peguei meu celular e comecei a passear pelas redes sociais, queria estar atualizada quando voltasse para a faculdade. Sem muitas novidades, só pessoas fazendo desabafos, como se a rede fosse alguma espécie de psicólogo.

Dei uma olhada rápida nas páginas das minhas amigas só para saber o que estava rolando, só por pura curiosidade de jornalista, esta que ainda está de férias.

Encontrei uma postagem de Jessye comentando a festa de Kadu. Ao que tudo parecia, o playboy estava de volta com sua rotina. Fiquei dois meses longe e quando volto, não encontro nada de diferente nele.

E, porque estou me incomodando com o que faz ou deixa de fazer?

Agrrss...

Jogo o celular em cima da cama e ficou olhando para o teto. O sono decidiu que me odeia, e o meu corpo sente que precisa gastar energia, mas não estou com mínima vontade de sair do conforto da minha cama.

Antes de você - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora