O acordo

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Kadu

Eu tivera um dia de merda. Após ter descoberto no que meu pai estava metido, não consegui me concentrar em mais nada.

Liguei para uma empresa de voo particular e solicitei um helicóptero. Pedi para que a minha pequena viagem fosse mantida em segredo para o meu pai, alegando estar preparando uma surpresa de aniversário para ele.

Quando cheguei em Angra, aluguei um carro e fui direto para a boate. Tive que esperar horas até ver algum movimento. As garotas foram as primeiras a chegarem.

Uma hora mais tarde, os primeiros clientes começaram a chegar. Todos aparentavam ter mais de quarenta anos. Não reconheci nenhum e também não vi meu pai no grupo.

Esperei até que todos entrassem e saí do carro em direção a porta de entrada. Dois seguranças me barraram pedindo a carteira de sócio.

Fiquei frustrado por ir à toa. Voltei para o carro e fiquei pensando em uma solução. Eu precisava me aproximar das garotas, mas seria impossível, a não ser que eu encontrasse alguém que fizesse isso.

Belinda.

Ela foi a primeira pessoa que veio na minha mente. Seria algo arriscado, já que eu teria que contar a verdade, mas acreditaria que ela teria um pouco de bom senso, guardando o segredo.

*

Quando voltei para o Rio, já era madrugada. Precisava falar com Belinda quanto antes.

Apertei o botão do andar dela e fiquei aguardando enquanto o elevador subia. Quando ele abriu, dei de cara com Marcelo.

Pela cara de idiota, ele só deveria estar vindo de um lugar. Passamos um pelo outro sem nos cumprimentar.

Dei dois toques na porta e aguardei ela abrir. Seu sorriso desapareceu assim que me reconheceu.

– O que veio fazer aqui?

– E então, como foi seu encontro?

– Você veio a essa hora da madrugada ao meu apartamento para perguntar como foi o meu encontro? Por que não me diz logo o que está fazendo aqui?

– Preciso falar com você.

– E não pode esperar até amanhã? – ela perguntou colocando a mão na cintura.

– Não. Tem algo que preciso resolver ainda hoje.

– O que de tão grave aconteceu no seu mundo para você vir me procurar?

– Agradeceria se você deixasse a brincadeira para outra hora. Estou exausto, louco para tirar essa roupa e tomar um banho quente. Então podemos pular essa parte?

– Pedindo assim com tanto carinho, como posso recusar? Pode falar, estou ouvindo.

– Não vai me convidar para entrar?

– Eu deveria?

– Sim, você deveria. O que você falou para o pobre coitado? Ele parecia ter encontrado o tesouro do Capitão Gancho.

– Você deve estar se roendo para saber. Entra logo antes que eu me arrependa. – ela falou dando passagem para minha entrada.

– Você se produziu toda para ir ao cinema? – perguntei quando dei uma boa olhada na sua roupa.

– Eu não me produzi toda... – ela começou a falar quando se deu conta que estava me dando explicações.

Mordi o lábio inferior para conter um riso.

Antes de você - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora