O apoio do Kadu

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Belinda

Não voltei ao médico que me atendeu, por que eu queria ter uma segunda opinião. Logo depois da aula, falei rapidamente com Jessye e disse não iríamos almoçar juntas porque precisava resolver uma questão pessoal.

Doutor Paulo já me aguardava quando cheguei. Médico da família desde a anos, logo me levou para sua sala e conversamos sobre o que estava acontecendo comigo. Refiz os mesmo exames e aconselhada por ele, fiz um mielograma.

Fui anestesiada na região da bacia para fazer a aspiração da medula óssea, e o tempo todo o doutor Paulo conversava comigo e me explicava todo o procedimento.

Fiquei o restante do meu dia na sala do doutor Paulo esperando o resultado. Ele me avisou que eu poderia ir para casa e quando o exame ficasse pronto, seria avisada, mas me recusei a sair. Só iria embora quando soubesse o que eu tinha.

Quando meu médico finalmente voltou com meus exames, vi em seu semblante que ele não trazia boas notícias.

Quando ele falou que suas suspeitas foram confirmadas, desmontei na cadeira. Em questão de segundos, eu fui assustada à desesperada.

Isso não era real. Eu não estava doente.

Paulo sentou de frente comigo e tentou me acalmar, mas tornou-se impossível. Como alguém espera que fique calma quando você acaba de descobrir que tem uma doença grave?

Meus exames detectaram leucemia mieloide aguda. Não era raro, mas também não era comum em jovens e ainda do sexo feminino.

Ele falava comigo, mas já não era possível seguir seu raciocínio. Minha mente já estava a quilômetros de distância. Uma palavra apenas resumia minha vida... Morte.

Saí de sua sala anestesiada. Entrei no meu carro e desabei. Coloquei para fora toda a minha angústia e choro contido. Fui condenada a morte e contra isso, eu não poderia lutar.

Minhas mãos tremiam ao ponto de não conseguir ligar o carro. Fiquei cerca de trinta minutos, até me sentir bem o suficiente para ir para casa.

Casa. Um lugar que em breve eu não teria mais.

Quando entrei no estacionamento da faculdade, já era noite. Jessye e Kira com certeza já deveriam estar em casa. Elas iram notar logo de cara que eu não estava bem. Não podia ir para casa agora e ter que contar tudo para elas. Eu não queria contar.

Pensei em sair de novo e ficar fora até conseguir um pouco de controle. Foi quando vi Kadu entrar no prédio. Em outro momento, ele não seria minha melhor opção, mas eu estava a ponto de gritar loucamente no meio do estacionamento.

Minhas mãos estavam trêmulas quando bati na porta. A princípio foi com cuidado, mas depois, o meu desespero falou mais alto e comecei a espancá-la.

A porta abriu e dei de cara com um Kadu enrolado apenas em uma toalha na cintura. Acho que estava indo tomar banho para sair. Não fora uma boa hora para aparecer.

– Belinda?

– Posso entrar? Eu não sabia para aonde ir – minha voz começou a falhar.

– Claro que pode.

Minha visão começou a ficar turva devido às lágrimas que ameaçavam cair e um grande nó formou-se na minha garganta.

– Estou morrendo. – falei enquanto me jogava em seus braços.

Kadu demorou a reagir ao meu abraço, mas logo senti suas mãos fortes me apertando. Mais lágrimas molharam meu rosto. Eu me descontrolei ao ponto de soluçar.

Antes de você - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora