Abrindo o jogo com os amigos

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Belinda

Depois da minha última conversa com Kadu, onde ficou claro que ele ainda continuava o mesmo, um colecionando garotas em sua cama, ele resolveu se afastar. Não me ligou nem me procurou para saber como eu estava.

Eu deveria ficar feliz com isso, já que ficar perto dele me despertava sentimentos que eu não estava podendo entender no momento, mas fiquei um pouco triste por sua distância. Eu o queria perto e ao mesmo tempo longe.

No dia seguinte, minha mãe marcou de me encontrar no hospital para falar como nosso médico. Ela queria saber todos os detalhes dos procedimentos do tratamento. Meu pai nos encontrou meia hora depois, infelizmente ele teve uma reunião que não pôde cancelar. Eu nem o culpei. Minha doença não poderia parar a vida dos meus pais.

Doutor Pedro nos recepcionou em sua sala assim que meu pai chegou. Sentamos de frente para ele, meus pais segurando minha mão igual quando eu era criança e tinha medo de ir ao médico.

Eu mal consegui ouvir as explicações do doutor Paulo. Minha mente estava a quilômetros de distância. Eu desejei que Kadu estivesse aqui. Sei que pareço uma idiota, mas ele se tornou um pedaço importante nessa loucura toda.

– Então é isso, você concorda Belinda?

– O que disse? Perdão. Eu não estava prestando atenção. – falei voltando ao mundo real.

Doutor Paulo sorriu e repetiu a pergunta.

– Começaremos com a quimioterapia amanhã. Temos que agir quanto antes.

– Entendo. – foi tudo o que falei.

– Alguma dúvida ou pergunta? – ele perguntou.

– Vou ficar careca, não vou?

Tanta coisa para me preocupar, eu estava preocupada logo como meus cabelos.

– Infelizmente, isso é um dos efeitos. Quanto a isso, não podemos fazer nada – disse se lamentando.

– E tem a certeza de que vou me recuperar?

Eu queria saber se valeria a pena lutar contra algo que no final acabaria me derrotando.

– Não vou mentir, depende de pessoa para pessoa. Vamos tentar a quimioterapia e se não funcionar. Eu disse se... Então vamos partir para a doação de medula óssea.

– Você acredita que teremos que chegar a doação? – meu pai quis saber.

– Só o tratamento não será suficiente? O diagnóstico foi feito no início, então... – minha mãe perguntou.

– Entendo a preocupação, a doação de medula só vai acontecer em último caso.

– Oh meu Deus... – minha mãe levou a mão à boca.

– Fique calma querida. – disse meu pai olhando para minha mãe.

– Vocês não têm com o que se preocuparem, hoje temos um avanço da tecnologia e a doação de medula já não é mais um bicho de sete cabeças.

– Doutor Paulo está certo mãe, vai dar tudo certo. – falei querendo acreditar nas minhas palavras.

– Esse tratamento precisa dar certo. Não podemos parte para a segunda parte, - disse minha mãe agora um pouco agitada.

– Por que não mãe?

– É que... Eu...

– Querida, por favor, fique calma. Não vamos nos precipitar.

Olhei para minha mãe desconfiada e depois voltei meu olhar para meu pai.

– O que está acontecendo aqui?

Antes de você - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora