Que comecem os jogos

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Kadu

Quando fui ao apartamento de Belinda, não era minha intenção beijá-la. Eu queria apenas provocá-la um pouco por causa do seu vestido, mas quando a vi naquele jeans apertado, sua blusa mostrando um pouco de sua barriga, não consegui pensar em mais nada. Eu tinha que beijá-la. A princípio ela lutou, mas logo se deu por vencida. Estava na cara quem iria ganhar essa aposta.

Enquanto seguia para o meu apartamento, pude ver que o prédio estava cheio de garotas novas e que não se intimidaram em me lançar olhares canibais. Sorri para elas apenas para aumentar ainda mais o burburinho que começava a se espalhar pelos corredores.

Meu apartamento estava como eu havia deixado. Não abri vaga de ninguém para ficar comigo. Queria ter um quarto livre, caso Nick resolve ficar, o que eu duvidava muito depois da sua última briga com o nosso pai.

Fui até a janela e olhei para o aglomerado que começava a se formar em volta do palco. Eu já conhecia o discurso inteiro, não valeria apena voltar para lá. Alguns minutos depois, ouvi o barulho de uma porta abrindo, se não fosse Nick, deveria ser Babi. Foi uma péssima ideia ter dado a cópia da chave, mas passou duas semanas me perturbando que achei melhor ceder do que ficar ouvindo sua ladainha.

– O que está fazendo aqui? Pensei que fosse ficar no pátio chamando a atenção, já que você adora se exibir.

– Como se você não gostasse disso também. – falei saindo da janela e indo para a mesa do computador.

– Nunca falei que não gostava. Nesse lugar você tem que se sobressair como pode.

Babi caminhou até a janela, deu uma olhada e depois se sentou na cama. Pelo jeito ela não iria embora.

– Você viu como a metida à jornalista está diferente?

– Metida à jornalista?

– Estou falando da Belinda, aquela sonsa sem sal... Vai me dizer que não reparou na sua mudança?

– Eu tenho assuntos bem mais importantes para pensar do que ficar prestando atenção na Belinda. – falei por falar, por que é claro que eu tinha reparado.

– Eu também tenho assuntos importantes... Só achei estranha essa mudança drástica tão repentinamente. Vindo da família que vem, eu não esperava por isso...

– Como assim, vindo da família que vem? O que tem de errado?

– A mãe dela vive metida em projetos com pobres órfãos, uma perda de tempo na minha opinião. Já o pai está envolvido em um projeto com joias ou algo parecido.

– Como sabe tudo isso?

– Eu procuro me manter informada. Ou você acha que é só ela que sabe da vida de todo mundo aqui? Bem, vamos descer?

– Não estou muito a fim de descer, acho que vou ficar por aqui.

–Você é quem sabe. Eu preciso ver de perto a mudança da nerd do jornal. Seu irmão chegou com a sua namorada, sua cunhada pobre.

– Babi, às vezes ainda consigo me surpreender com sua maneira de tratar as pessoas.

– Ué, só estou falando a verdade. Ela é uma pobre coitada que teve a sorte de encontrar alguém com dinheiro.

– Nanda não é interesseira...

– Deveria ser.

– Assim como você?

Babi ficou calada por alguns segundos e depois falou.

– Isso, assim como eu. Até mais meu amor, nos vemos a noite.

Antes de você - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora