Capítulo 2

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Cheguei na escola um pouco sonolento. Eduardo e eu ficamos trocando selinhos durante o intervalo e na sala ele beijava minha mão.
Mesmo amando ele, me concentrei nas aulas.
Quando as aulas acabaram, fui direto para o estacionamento. Priscilla estava lá e seguimos para a casa da mãe dela.
Descemos e ela parecia um pouco nervosa.
- Você vai entrar?- Perguntei.-
Logo o carro dos meus seguranças apareceram no meu campo de visão.
- Não. De jeito nenhum. Ela me odeia.

- Pega leve.

- Ela é a mãe. Ela devia ter ido atrás de mim. Ela nem deveria ter me colocado para fora de casa.

- Vou entrar antes que os seguranças me arrastem daqui para casa.- Eu ri e toquei a campanha.-
O carro da Priscilla estava afastado da entrada e ela seguiu para lá. Olhei ela entrar.
- Oi Dreuh.- Viviane disse rindo.-

- Oi.- Respondi. Não conseguia olhá - la nos olhos depois do que ela fez com a filha. Começei a pensar no que a Dany vai fazer quando eu me assumir. Porque por mais que demore, esse dia vai chegar. Eu nem sei o que faria sem o apoio dela.- Eu vim pegar todas as coisas da Priscilla.

- Ela vai morar com vocês mesmo?

- Na verdade, ela... Não sei se devo contar.

- Bom, entre.- Eu entrei e fui direto para o quarto dela. Havia três malas encostadas na parede.-
Começei a colocar as roupas e todas as outras coisas que estavam ali.
Depois de uns vinte minutos. O guarda-roupas estava vazio. Não tinha mais nada na escrivaninha. Peguei tudo que pertencia a ela, conforme ela pediu.
Restou apenas a mesa da escrivaninha. A cama com o colchão e o guarda - roupas vazio.
Desci com uma mala de cada vez. Viviane não falou nada.
Fui até a porta e chamei os dois seguranças, pelo menos eles serviriam para alguma coisa. Eles me ajudaram a colocar as malas no carro da Priscilla.
Fui me despedir da Viviane, ela me pareceu muito indiferente. Nunca pensei que ela fosse assim.
Dei tchau e Priscilla me esperava. Entrei no meu carro e suspirei...
- Esperem!- Viviane apareceu gritando na frente do meu carro.-
Desci...
- O que aconteceu?- Perguntei. Olhei para trás e Priscilla também estava fora do carro dela.-
Elas se olharam. Viviane correu para onde a filha. Da distância que eu estava dava para ouvir muito bem.
- O que você quer?- Priscilla perguntou seca.- Não temos mais nada para falar.

- Desculpa!- Ela disse e Priscilla riu.-
Como ela era sarcástica quando queria.
- Desculpa? É isso mesmo?

- Sim minha filha.

- Agora eu sou sua filha? Eu sou minha própria mãe e meu próprio pai. Nenhum de vocês esteve presente para me apoiar quando precisei. Precisei recorrer a caridade de outros, quando meus pais estavam... Sei lá fazendo o quê. Eu não preciso mais que você me aceite e nem dos seus pedidos de desculpas.- Eu estava segurando com todas as forças suas lágrimas.-

- Eu sei que errei... Que erramos. Mas por favor, tenta entender.

- Você pelo menos em algum segundo tentou me entender? Eu não quis ser assim, eu queria muito ser hétero. Mas eu não sou. E essa sua cabeçinha nunca vai entender o que é passar por tudo o que eu passo.

- Eu realmente nunca vou entender. Mas eu...

- Nem precisa continuar. Já até sei o que você vai falar. Que está disposta a tentar entender. Que vai ser mais compriensível. Que vai ser mais mente aberta, menos preconceituosa. Mas nós duas sabemos que quando chegar em determinado ponto, você vai se cansar, vai ver que não vale a pena investir em algo que você vai julgar na valer mais a pena. Você me considera uma aberração. Um erro genético. Tudo bem, eu não preciso e nem quero a sua piedade. Diz que é mentira?- Viviane desviou o olhar dela.-

Aceitando ser assim(Conto Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora