Capítulo 26

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Eduardo
Não consegui dormir a noite. O sono e o cansaço tomavam contam do meu ser, mas meus pensamentos estavam em total conflito, e não conseguiram se acalmar para que eu pudesse descansar.
Meury não veio mais até o meu quarto. Meu pai, já deve estar no serviço. E a Bianca? Bem, provavelmente na escola. Não a vi mais depois que cheguei em casa. Ela deve estar se sentindo sozinha, mas eu não posso fazer nada. Eu só quero continuar onde estou e chorar até meus olhos cansarem.
Não tenho forças e nem vontade de ir à escola, ou a qualquer outro lugar. Também não tenho fome e nem vontade de me arrumar. Meus cabelos estão bem piores que um ninho de cobra. Meus olhos estão tomados por uma vermelhidão. Minhas roupas estão sujas e já possuem um pouco de mau cheiro.
Meu quarto está com a iluminação fraca. Parte do meu corpo está coberto com o edredom.
Eu só consigo pensar no Dreuh. Eu queria que ele não fosse meu irmão.
Uma outra mulher, que agora é empregada da nossa casa, já veio até o meu quarto umas cinco vezes tentar me fazer comer, mas eu não consigo.
Já faz mais de quatro horas desde que ela veio me perturbar. Peguei meu celular e já passava de meio dia. Já havia chegado a hora do almoço. Se eu sentia fome?
Não. Nenhuma.
Eu só queria apodrecer naquele quarto.
Posso está sendo infantil. Mas saber que o garoto que você beijou e passou várias noites juntos, é seu irmão, faz de você, uma pessoa totalmente vulnerável e desorientada. É como se eu tivesse perdido todos os sentidos.
Três batidas na porta do quarto.
- Eduardo, você precisa comer.- É ela, a empregada.-

- Já disse que estou sem fome

- Mas sua mãe disse que você precisa comer.

- Mas eu não quero.- Ela saiu.-
Não mexi um músculo.

As horas foram se passando e eu continuava ali.
Depois de muitas horas, o primeiro movimento que eu fiz foi sentar, e senti uma dor em cada parte do meu corpo.
De onde eu estava, pude ver o lado de fora pela janela. O dia já dia ido embora, agora a escuridão tomava conta de tudo.
Completamente dentro da escuridão, era assim que eu estava me sentindo. Fui até à varanda e começei a admirar a beleza do céu. Muitas estrelas e uma lua cheia.
O vento balançava algumas árvores. Sentei em um dos bancos que tinham ali, e me perdi em pensamentos.

- Eduardo?- Levei um susto com a voz atrás de mim.-
Quando olhei de fato para frente, percebi que a cidade estava bem mais escura. Quanto tempo eu passei perdido dentro da minha cabeça?
Olhei para trás e vi Jason. Meu velho e pai Jason? Ele tinha um meio sorriso no rosto. Ele devia estar muito feliz por Dreuh e eu não estarmos mais juntos. Só que ele devia estar muito mais triste em saber que ao invés de um, ele tinha dois filhos gays.

- O que você quer?- Perguntei levantando. Queria ficar longe dele.-

- Conversar.

- Essa minha fase já passou. Eu não preciso conversar com um pai.

- Amanhã Dreuh e eu vamos fazer o exame para comprovarmos.

- E o que eu tenho a ver com isso?

- Muita coisa Eduardo.

- Tanto faz.

- Não tente mostrar indiferença, porque eu sei que você se importar.

- E daí Jason? O que você quer? Que eu começe a chorar bem na sua frente?

- Claro que não.

- Pois é o que parece. Não precisa fazer exame, você pai, você é o pai do Dreuh também.

- É sua mãe quer que eu faça. Estou fazendo isso por ela.

-É claro que é por você. Você deve estar torçendo para que seja mentira, não é mesmo?... Deve estar sendo muito difícil saber que a pessoa que você mais culpou por eu ser assim, possa ser seu filho, néh?

Aceitando ser assim(Conto Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora