Capítulo 14

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Eduardo
Depois que falei com o Dreuh e quebrei meu chip, decidi que se ele quer que eu seja feliz, eu vou ser.
Decidi voltar a fazer o que eu fazia antes.
Voltei à escola. Voltei para a academia. Durante esses onze dias, ganhei meus quilos de volta. Minha aparência voltou a ser a de antes.
Saio de casa, converso com meus amigos.
A única coisa que não consigo arrancar, é o amor que sinto por ele. Dreuh sempre vai estar no meu coração.
Mas acho que eu já não estou no dele. Ele encontrou alguém. E eu estou conhecendo um menino. Na verdade, conheci ele ontem, e marcamos de sair depois da escola.
Ele até que é bonito. É moreno. Cabelos negros e olhos claros. É magro e muito gentil. Encontrei ele no shopping e marcamos de pegar um cinema no mesmo local.

Acordei às seis e tomei banho.
Desci perto das sete para tomar café, meus pais estavam conversando.
- Bom dia!- Falei e eles responderam.-
Tomei café em silêncio. Saí de casa e fui para a escola.
Minha situação está meio complicada, mas com a ajuda do Felipe, os professores decidiram fazer provas para eu poder recuperar o ano.
Todos nós estamos sentindo muita falta do Dreuh. Rodrigo só voltou para Londres um mês depois. Felipe, nunca mais foi o mesmo. Sempre está com uma expressão triste e séria.
Lí ri, mas sei que ela está sofrendo bastante.
Depois de uma semana que ele foi embora, todos nós fomos procurá - lo, mas nada. Nenhum sinal dele.
A mãe dele só chorou no primeiro dia, acho que nem foi por ele estar sumido. Ela chorou por ele ser o que é.
O sinal tocou e eu corri para a sala. Sentei no mesmo lugar e a carteira dele sempre fica vazia ao meu lado.

As aulas acabaram. Às vezes pensava nele, mas fazia de tudo para me concentrar.
Fui para o estacionamento e o André estava lá me esperando para irmos ao cinema.
Ele me abraçou e meu deu um beijo no rosto.
- Vamos?- Ele falou.-
Cada um foi no seu carro. Assistimos um filme de quase duas horas e fomos andar pelo shopping.
- Mas então André, me fale mais sobre você.- Disse.-

- Bom, não sou tão interessante. Moro com minha mãe, sou filho único. Meus pais se separaram quando eu era bem pequeno. Minha mãe briga muito comigo e com certeza não aceitaria se eu dissesse a ela que sou gay.

- Quantos anos você tem?

- Dezessete.- Nossa, a história dele é bem parecida com a do Dreuh.- E você? O que tem a falar?

- Também não sou nada interessante. Moro com meus pais. Eles são médicos. Tenho uma irmã. Meus pais também não gostariam nada se soubessem que sou gay.- Sentamos em um banco.-

- E sua vida amorosa? Como anda?

- Saí de um relacionamento de uma forma muito frustrante.

- O que aconteceu?

- Não gosto de falar sobre isso. E você? Namora? Fica com alguém?

- Não. Mas estou afim de um menino que conheci ontem, e felizmente saímos hoje. Só não sei se ele também está gostando de mim.- Ele riu e ficou me olhando.-

- Olha, eu posso tentar. Quero começar do zero, mas não sei se vou conseguir.- Eu ri.- O que você quer fazer?- Ele pegou o celular.-

- São quase três horas. Nós podemos ir para sua casa.

- Claro.- Ele me seguiu.-
Nós saímos do carro rindo. Ele segurou em minha mão e me fez virar para vê - lo. Antes que eu pudesse dizer ou fazer algo, ele me beijou. Foi rápido e posso dizer que foi bom. Empurrei ele de leve porque estávamos em frente a minha casa. Quando abri a porta, outra pessoa abriu ela pelo lado de dentro.
- Dreuh?- Perguntei. Ele estava chorando. Nós ficamos nos olhando.-
Um zilhão de coisas se passaram pela minha cabeça naquele momento.
Eu queria poder abraçá - lo para nunca mais deixar que se vá.
Queria sentir o gosto da sua boca de novo.
Queria ouvir ele dizer que me ama, mesmo que ele tenha dito que não me ama mais.
Mas o que eu mais queria saber, era o porquê de ele estar aqui e por que está chorando.
Depois de um tempo, ele olhou para o André que estava atrás de mim.

Aceitando ser assim(Conto Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora