Capítulo 3

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   Entrei no meu antigo bairro. Ele permanecia o mesmo. Com sua costumeira pouca movimentação. Depois de mais alguns minutos, entrei na minha antiga rua. Rua em que eu passei boa parte da minha infância.
    Logo avistei o lugar onde ficava minha casa. Agora não tinha mais nada, apenas o terreno vazio e uma placa de vende - se.
    Parei em frente e fiquei olhando por longos minutos.
Vi minha mãe e eu saindo. Me vi entrando na casa. Pulando a janela para sair. Deitado à noite na grama para observar as estrelas.
    Vi nossos antigos carros na garagem. Vi tudo o que eu vivi ali.

    Parei de sonhar acordado depois de uns dez minutos. Liguei o carro e voltei a dirigir até o final da rua.
Parei em frente a casa da Laura. Suspirei fundo e saí do carro.
    Andei devagar pela pequena estrada de pedra e olhei muito ao redor antes de apertar a campanhia. Esperei dois minutos, mas eles pareceram duas horas.
- Você?- Bruno abriu a porta.- O que quer aqui?

- Eu...- Estava nervoso.-

- Quem está aí amor?- Igo perguntou.-

- O Dreuh.- Bruno falou.-

- Eu queria falar com vocês.- Disse e Igo apareceu ao lado do Bruno.-

- Pensei que isso fosse a última coisa que você quisesse.- Bruno falou com uma pontinha de sarcasmo na voz.-

- Oi Dreuh.- Igo falou.- Entre.- Hesitei um pouco. Olhei para eles. Bruno saiu da porta e Igo ficou me olhando.- Você não veio falar conosco?- Ele perguntou.-

- Sim.- Disse e entrei.-
    Bruno estava assistindo tevê. Igo pediu que eu sentasse com um gesto com as mãos.
    Suspirei fundo.
- É... Seus pais estão?- Perguntei.-

- Sim. Você também quer falar com eles?

- Sim.- Falei.-
    Igo levantou e eu o segui até a cozinha.
Laura e Victor estavam sentados a mesa. Quando me viram, ficaram meio sérios.
- Mãe, pai, o Dreuh veio falar com a gente.- Igo falou para eles.-

- Sente - se.- Laura pediu.-

- Obrigado.- Sentei.- Laura e Victor, desculpe ter estragado a família de vocês. Eu pensei que o Bruno tivesse mandado a Mel ir na minha casa dizer que estava grávida de mim. E eu, como forma de vingança, disse sobre ele e o Igo. Eu estava meio louco e não sabia de fato o que estava fazendo.

- Quanto a isso, não se preocupe. Nossa família estava muito distante uma da outra. Não é a coisa que sempre sonhamos para nossos filhos, mas eles estão felizes juntos.- Victor falou.-

- De qualquer forma desculpa.- Disse.-

- Não precisa se preocupar. Sou eu que devo desculpas a você.- Laura falou.- Eu achei que a culpa foi sua por meus filhos estarem se envolvendo, mas você não tem culpa de nada. Eu não devia ter tido aquelas coisas para você.

- Tudo bem.- Eu ri de leve.- E você Igo, desculpa por achar que você espalhou aquele vídeo. Tudo foi uma armação do louco do Christian. Eu culpei você por algo que você nem sabia. Você era tão inocente quanto eu.

- Eu não quero mais que aquelas coisas façam parte da minha vida. Passou. Quero viver bem agora. Eu te desculpo e peço que você me desculpe pelo o que fiz com você.- Ele suspirou.- Bruno e eu queríamos que nossos pais não soubessem de nada. Ele namorou a Fernanda, e eu soube que se namorasse com você, eles não desconfiaram que Bruno e eu dormimos juntos.- Ele ficou com vergonha.- Eu soube que Bruno estava meio que te ameaçando, porque ele sabia que eu gostava mesmo de você. Não com a mesma intensidade que eu gostava quando nós éramos pequenos, mas eu gostava.

- Isso também já não importa mais. Quero dar um novo rumo para minha vida.- Falei.- E obrigado Laura.

- Pelo o quê?

Aceitando ser assim(Conto Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora