Capítulo 19

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Dreuh
O Eduardo precisou de muita persuasão para me fazer esquecer a ideia de ir até à casa da Dany.
Passei a noite em claro, mas tive que acordar cedo para ir à escola. Eduardo levantou comigo e fomos para o banho juntos.
- Conseguiu dormir?- Ele perguntou depois que terminamos de nos vestir.-

- Não. Passei a noite acordado.

- Sinto muito por tudo isso que está acontecendo.- Coloquei minha mão em sua nuca e ficamos a centímetros um do outro.-

- Só não me deixa Eduardo.

- Eu nunca vou te deixar. Mas por que está falando isso?

- Eu não sei. Só estou com uma sensação ruim.

- Que sensação?

- Eu não sei. Eu sinto que algo muito ruim vai acontecer. Eu já tive umas sensações assim naquela época.

- Que época?

- A época em que o Christian planejou tudo aquilo.

- Pelamordedeus Dreuh, nem pense em uma coisa dessas. Aquilo já passou e nada parecido vai acontecer de novo.

- Vamos esquecer esse comentário que eu fiz. Deve ser algum mal entendido da minha cabeça. Está acontecendo muita coisa ao mesmo tempo.- Saímos do quarto e entramos na cozinha. Bianca já estava pronta.-
   Saímos minutos depois e chegamos em nossa escola. No intervalo, seguimos para a lanchonete. Logo Lí apareceu em meu campo de visão.
- Oi.- Ela falou rindo.-

- Oi.- Falei em tom desanimado.-

- Ops! O que aconteceu Dreuh?

- Muita coisa.- O celular do Eduardo tocou.-

- Licença, preciso atender.- Eduardo disse e se levantou.-

- E então Dreuh, estou esperando.

- Bom, descobri que Dany foi prostituta e que ela não sabe quem pode ser meu pai.

- Oi? Pera aí, deixa eu ver se entendi direito. O Rodrigo não é seu pai?

- Pelo visto não.- Começei a chorar.- Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas preferia que ele fosse meu pai. Apesar do tempo que ele passou ausente, sei que já tinha o perdoado.

- Agora o odeia?

- Não. Mas não saber quem é meu pai, me deixa com muita raiva da Dany. Ela é homofóbica, foi prostituta e é mentirosa. Ela não presta.

- Ela é sua mãe apesar de tudo.

- E você acha que eu não sei? Eu até queria que não fosse, mas é.

- Você só diz isso porque está com a cabeça quente.

- Pode ser. Eu só quero vê - la para deixar as coisas ainda mais claras. Quero que ela me diga tudo. Toda a verdade.

- Sinto muito que tudo isso esteja acontecendo.- Eduardo voltou à se juntar a nós.-
Conversamos por alguns minutos até o sinal tocar. Voltamos para a sala.
O último sinal tocou e seguimos para casa, mas desde a ligação que ele atendeu, ficou muito estranho.
- Quem era ao telefone?

- Minha mãe.

- O que ela queria?

- Que Bianca e eu fôssemos morar com eles mais uma vez.

- Vocês vão?

- Claro que não.- Entramos em casa.-

- Precisamos encontrar emprego.- Falei sentando.- Nosso dinheiro já está acabando.

Aceitando ser assim(Conto Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora