𝐄 𝐝𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐧𝐭𝐞, 𝐚𝐜𝐨𝐧𝐭𝐞𝐜𝐞𝐮| ᴘᴀᴏʟᴀ ᴄᴀʀᴏꜱᴇʟʟᴀ ˣ ʸᵒᵘ

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Pov S/n

Chegar ao Arturito sempre era uma experiência diferente. O restaurante tinha aquela energia vibrante, cheia de cheiros deliciosos e vozes apressadas. Assim que entramos, Paola assumiu o comando da cozinha como se tivesse nascido para aquilo e, sinceramente, acho que nasceu mesmo.

Eu me encostei no batente da porta e fiquei observando. Ela dava ordens com firmeza, verificava os ingredientes disponíveis e reorganizava o menu da noite sem hesitar. O rosto sério, a postura confiante... era impossível não me perder admirando.

- Troquem o acompanhamento do ojo de bife. Façam com purê de batata e não com legumes assados. E vejam se conseguem um fornecedor alternativo para os cogumelos até amanhã! - ela dizia, enquanto provava um molho e ajustava o tempero.

Eu sorri, cruzando os braços.

- Você fica sexy no comando, sabia? - comentei baixinho quando ela ficou perto.

Paola virou o rosto para mim, arqueando a sobrancelha, mas eu vi a pontinha do sorriso que ela tentou disfarçar.

- S/n, não me distraia.

- Eu nunca distraio - provoquei, mordendo o lábio e mexi em uma mecha do meu cabelo.

Ela bufou balançando a cabeça em negação, mas percebi que sua postura relaxou um pouco.

- Vem cá - chamei, acenando com a mão.

Paola deu instruções rápidas à equipe antes de caminhar até mim.

- O que foi? Sabia que não era pra ter deixado você vim comigo.

- Só queria dizer que te amo - sussurrei, segurando a gola do avental dela e puxando ela para perto.

Ela sorriu de verdade dessa vez, e eu soube que meu plano de distração tinha funcionado um pouquinho.

- Eu também te amo, meu bem - respondeu, antes de me roubar um beijo rápido.

Mas, antes que pudéssemos nos perder naquilo, um dos cozinheiros pigarreou.

- Chefe, desculpa interromper, mas... precisamos de você...aqui dentro especificamente.

Paola riu, se afastando.

- Depois conversamos, senhora "eu nunca distraio".

Fiquei ali mais alguns minutos, encostada na parede, vendo ela voltar ao trabalho, e não conseguia parar de sorrir. Decidi sair antes que eu chamasse a Paola outra vez, fui para uma das mesas e me sentei suspirando. Peguei o meu celular e voltei a pesquisar inspirações para nosso casamento, aproveitei e também chamei o garçom.

- Boa noite, senhora. O que deseja?

Olhei para a cartela de vinhos e sorri de lado.

- Um tinto suave, por favor. Algo leve.

O garçom hesitou um pouco antes de anotar.

- Tem certeza? Não sei se já pode beber, por causa da cirurgia...

Revirei os olhos, mas sem perder o bom humor.

- Um pouquinho só não faz mal, né?

Ele deu um sorriso meio incerto, mas assentiu.

- Vou trazer para a senhora.

Enquanto esperava, fiquei mexendo no celular distraída. Meu corpo ainda não estava cem por cento, mas eu queria me sentir normal de novo. E um bom vinho sempre ajudava.

Pouco depois, o garçom voltou com a taça e a colocou à minha frente.

- Aqui está.

- Obrigada.