(7) O encontro

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No almoço, não consegui parar de pensar em Luca. É claro que eu estava sendo boba demais, afinal, era só um encontro com alguém que provavelmente seria apenas um amigo e nada mais. Provavelmente. Após o almoço, fui para meu quarto e troquei de roupa. Observei meu lírio mágico -eu o apelidara assim naquele mesmo dia-, ele estava exatamente igual, com pétalas extremamente abertas, e exalava um perfume maravilhoso.

Enrique não estava em casa, então brinquei de jogar bolinha para Scarlett por um tempo, para que ela não se sentisse sozinha, depois apanhei minha bolsa e fui para a Floricultura. Eu amava trabalhar perto das flores, sentindo a mistura de fragrâncias, e ver todos os dias o colorido delas. Adorava todas, mas minha preferida sempre havia sido a flor de lírio, pois esta era, em minha opinião, a mais delicada e bonita.

Passei uma boa parte do meu dia pensando em como me vestiria para sair com Luca, afinal, toda menina pensa, mesmo que só um pouco, nessa parte. Eu poderia usar um vestido básico, mas me parecia que aquela noite seria um pouco fria, o que era uma pena já que eu havia comprado um vestido salmão poucas semanas antes. Deixei a vestimenta de lado e foquei no trabalho. Foi um bom dia, vendi muitos buquês de flores, principalmente de rosas vermelhas e brancas, vendi também quatro ou cinco botões de rosas artificiais, daqueles que são usados como porta anel, ou então, porta aliança.

Às 18h em ponto, fechei a Flores de Monteiro. Andei pelas ruas estreitas de São Ângelo em direção à minha casa. Quando entrei, Scarlett me recebeu com amor, pulando em minhas pernas e abanando o rabo.

— Oi, meu anjo. Ficou sozinha o dia inteiro, não é? — Disse-lhe, fechando a porta da sala.

— Na verdade, não.

Soltei um grito. Depois fuzilei a invasora de minha casa com os olhos.

— Lúcia!

Ela estava deitada no sofá.

— Calma.

Ela mal conseguia conter o riso.

— Eu liguei pra você, mas não me atendeu... — Ela se levantou. — E como não sabia se estava aqui ou na Floricultura, passei na loja de Daniel e seu irmão me emprestou a chave dele.

— Entendi... Sabe, acho que já sei a resposta, mas, o que exatamente você veio fazer aqui hoje?

— Deixar você impecável, claro! — Sorriu.

— Não era bem essa resposta que eu esperava, mas... era mais ou menos isso.

Ela foi até mim, pegou minha bolsa e a jogou no sofá.

— Não ia contar ainda, mas você me conhece, sou completamente incapaz de guardar alguma coisa boa só para mim... Também tenho um encontro hoje!

— O quê? Com quem?

— Adivinhe!

— Enrique...?

— Sim! — Ela gritou.

Nós nos abraçamos e começamos a pular, gritando coisas sem o menor sentido. Essa cena não foi muito, digamos, madura, mas minha alegria foi verdadeira. Demoramos alguns minutos para nos recompor totalmente.

— Estou feliz por você.

— Meu Deus, Su, fiquei paralisada quando ele me perguntou se eu queria sair! — Lúcia mordeu o lábio inferior. — Enrique não faz ideia de quanto tempo eu esperei por isso.

Só espero que Filipe não saia muito machucado com essa história...

— Mas eu faço... — Sorri um pouco, pensando em nosso amigo.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora