(32) Medo

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— Mas o que aconteceu? — Luma perguntou.

Eu não queria dizer, estava furiosa demais. Estendi o bilhete, e quando ela terminou de ler, encarou-me com descrença.

— Não acredito... É verdade... — Ela murmurou.

— O quê? — Indaguei, encarando-a. — Você sabe onde ele está?

Luma deu um passo para trás.

— Susana, eu prometi a Luca que não diria. — Respirou fundo. — E nem adianta procurá-lo, ele não está onde você possa ir... — Bufou — Droga, falei demais... — Cantarolou.

Paralisei por um momento.

— Está me dizendo que Luca está mesmo no... Inferno?

— Eu não disse nada, você quem tirou suas próprias conclusões.

Sentei-me em minha cama para pensar.

Eu disse que iria para o inferno, se precisasse... mas não pensei que realmente teria que ir para lá. O inferno não deve ser tão ruim assim, Ana disse uma vez que é como uma cidade... Ah, Deus, ajude-me... quer dizer, desculpe, é muita cara de pau pedir sua ajuda para ter coragem de ir para esse lugar.

— Su, o que vai fazer?

— Ligar para Ana, ela já esteve... — eu mesma me interrompi ao pegar o celular e discar o número de Ana.

— O quê? Não pode estar falando sério!

— É claro que estou.

— Ficou louca?! — Esbravejou Luma.

— Oi, Ana...

— Su, minha flor, sabe que horas são? — Perguntou o anjo do outro lado da linha com uma voz sonolenta.

— Sei, e me perdoe por isso, mas eu realmente preciso da sua ajuda... Aliás, pensei que anjos não precisassem dormir.

— Precisamos quando estamos feridos e tal, mas e daí? Dormir é uma das melhores coisas que vocês têm o privilégio de poder fazer.

— Durma depois, então, preciso que venha para cá, por favor.

— Ah... Tudo bem, tudo bem... Chego aí em alguns minutos.

— Obrigada.

Desliguei.

— Por favor, diga que não vai...

O olhar âmbar de Luma me encarava com desespero.

— Vou. E se tentar me impedir, levarei você comigo!

— Mas que teimosia! É claro que vou com você!

Sorri, agradecida por não precisar ir sozinha.

Coloquei um jeans escuro e macio, e a blusa que havia pegado. Amarrei meu cabelo num rabo de cavalo e fui para a cozinha. Dividi uma maçã com Scarlett e devorei um pacote de biscoitos de chocolate, claro que este acompanhado por uma xícara de café bem quente. Pus ração e água para Scarlett e abracei-a fortemente.

— Você está frenética. — Luma tocou meu ombro. — Fique calma!

Encarei-a.

— Cara, eu vou pro inferno! Como você quer que eu fique calma?!

— Nem sabe se Ana vai mesmo te ajudar...

Passamos algum tempo pensando sobre as probabilidades de nós não conseguirmos voltar, ou então, de acabarmos morrendo. É claro que essas suposições não estavam ajudando, eu ficava cada vez mais inquieta, sem conseguir me acalmar por um segundo. Eu sabia que Luma só estava tentando me fazer desistir falando essas coisas, mas ela realmente não me conhecia. Luca não podia simplesmente me largar sem uma explicação, ele me devia isso depois de tudo o que havíamos passado. Ana tocou a campainha da minha casa pouco mais de meia hora depois da ligação.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora