— Su? — Chamou-me Ana, ainda sentada na cama comigo.
— O quê?
Ela cruzou os dedos pequenos sobre o colo.
— O que acha de jogarmos?
Encarei-a.
— O que podemos jogar aqui?
— Um jogo de perguntas, eu faço uma pergunta, você responde e faz uma pergunta para mim.
— Certo. — Concordei, e arqueei uma das sobrancelhas. — Sem mentir.
Ana assentiu com a cabeça.
— Pode começar, se quiser.
Eu pensei por um instante. O que poderia perguntar a ela? Sem rodeios, perguntei a primeira coisa que me veio à mente.
— Você também é... um anjo?
E sem rodeios ela me respondeu:
— Sim. — Sorriu. — Mais precisamente, o Anjo do Medo.
Estou presa numa casa com dois anjos caídos! O que eu vou fazer?! Calma, Susana, calma... Demonstre interesse...
— Como assim?
Ela ergueu a mão.
— Minha vez. — Estreitou os olhos. — Como Jack é?
Fiquei surpresa com a pergunta, pois não esperava que ela fosse me perguntar sobre Jack. Bem, não que eu quisesse falar sobre mim.
— Ele é incrível.
— Sim, mas... Incrível tipo: "Nossa, que incrível!" — Ela falou alto. — Ou: "Ah, incrível."
Não consegui conter o riso.
— Acho que a primeira versão. — Respondi, ainda sorrindo.
— Uau! Isso é interessante!
— Agora... Como assim "Anjo do Medo"?
— Eu posso ver o medo de uma pessoa, bobinha. E, pior ainda... — Olhou-me de esguelha. — Posso usá-lo contra ela. Por exemplo, consigo saber com precisão qual o seu medo nesse exato momento.
— E qual é?
— De não conseguir sair daqui... Digo, desta casa.
Revirei os olhos.
— Isso é meio óbvio.
— Está duvidando de mim? — Ela me encarou, fingindo ressentimento. — Não consigo descobrir só o medo que a pessoa está sentindo numa determinada hora, Susana, posso saber seu medo interior também, aquele que ela carrega há muito tempo.
Meu coração acelerou.
Vamos ver, então...
— Então... qual é o meu? — Perguntei baixinho.
Ana fechou os olhos por alguns segundos. Depois de abri-los, olhou-me com pesar.
— Eu... — Sussurrou. — Eu sinto muito.
— Ana... Qual é?
Estava claro que ela realmente sabia meu medo. Meus olhos deviam estar repletos de lágrimas, mas eu não me importei.
— Tem medo de não ver sua mãe outra vez.
Na mosca.
Era um medo ridículo, pois eu jamais veria minha mãe de novo. Afinal, ela estava morta.
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Feche os olhos, Anjo (livro 1)
FantasyVingança. Essa é a única coisa que possui um lugar especial no coração de Luca, um anjo caído disposto a tudo para se vingar de seus inimigos. Mas, o que ele não esperava ao ir para São Ângelo com o propósito de caçar um de seus adversários, era que...