O restante do dia passou normalmente, acabei demorando para ir à Floricultura, mas fui, pois gostaria de ver como estava. Na verdade, Jack nem sabia que eu havia voltado para São Ângelo, mas isso não era um problema, pois eu tinha a chave da Flores de Monteiro. Dificilmente a loja ficava por mais de quinze minutos sem clientes. Era incrível como as pessoas da cidade eram românticas, muitas compravam rosas vermelhas e cartões de amor. Imaginei se um dia ganharia um buquê ou um cartão de Luca.
A resposta veio em minha mente quase que imediatamente. Não.
Poucos minutos antes de fechar o estabelecimento, um rapaz de olhos claros e cabelos escuros adentrou na loja. Ele estava com a barba por fazer, usava um jeans velho e escuro, e uma camiseta verde-musgo, seu cabelo estava um pouco jogado para o lado.
— Podia ter me avisado que viria ontem.
— Na verdade... viemos domingo.
— Domingo? Seu irmão disse que chegou em casa ontem, pela manhã... Espera, você dormiu na casa dele?
Eu sabia exatamente de quem ele falava.
— Sim, e daí?
— Dormiu com ele?
Fiquei um pouco constrangida.
— Jack, isso não é da sua conta.
— Tem razão, eu devo ser muito idiota por me importar... — Ele revirou os olhos com impaciência.
— Não aconteceu nada.
— E, se tivesse acontecido... bem, não seria da minha conta.
— Não fale assim comigo, sei que está chateado por eu não ter contado que Luca era seu irmão, mas...
— Ele não é meu irmão! — Gritou.
Eu dei um passo para trás.
— Jack... — Sussurrei. — Quero muito que vocês se entendam, mas não fique bravo comigo.
Fui até ele e ergui a cabeça para conseguir olhá-lo nos olhos.
— Não estou com raiva apenas por isso. — Afirmou, encarando-me.
Seus olhos, antes belos e infantis, agora nada passavam de duas órbitas sem brilho.
— O que te deixou assim, então?
Ele riu um pouco, mas não havia humor algum em seu riso.
— Eu te amo, droga!
Paralisei-me nesse momento, ele me encarava, esperando alguma reação, mas eu mal me mexi. A confissão foi direta e conseguiu tocar fundo em meu coração. Eu não sabia o que fazer ou o que dizer.
— Eu... — murmurei.
— Não diga nada. Já me negou uma vez, quando escolheu o Igor. Bom, negou sem perceber, o que acho muito estranho, claro. Como nunca notou o quanto eu sou louco por você, Su?
— Pensei que gostasse de Lisa... Você ficou arrasado quando ela morreu.
Jack foi quem paralisou agora.
— Lisa? Claro que não... — Respondeu num tom baixo. — É você. Sempre foi você. Mas, quer saber? Não importa, não vou ser mais o idiota que fica esperando você me notar de algum jeito. Fique com o Luca, só espero que não se arrependa depois.
— Jack, eu amo você, mas não assim, como você quer.
Eu sabia que isso só o machucaria mais, mas não podia dar nem sequer uma gota de esperança a ele.
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Feche os olhos, Anjo (livro 1)
FantasyVingança. Essa é a única coisa que possui um lugar especial no coração de Luca, um anjo caído disposto a tudo para se vingar de seus inimigos. Mas, o que ele não esperava ao ir para São Ângelo com o propósito de caçar um de seus adversários, era que...