(19) Vamos passear

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Jack limpou a garganta, entrando na sala. Os olhos caramelos do nefilim fixaram-se em mim. Luca arrumou a manga da camiseta que me emprestara, cobrindo todo o meu braço novamente.

— Com sono? — Perguntou-me Jack, indo até mim.

Luca se afastou um pouco.

— Sim. — Olhei para ele. — Mas, para ser sincera, não sei se conseguirei dormir logo.

— Não precisa se preocupar, não acho que Devon conheça esta casa. — Assegurou-me Luca.

Apenas balancei a cabeça de leve.

— Onde... Onde é o quarto?

— É a porta ao lado do banheiro.

— Certo, obrigada.

Em seguida, fui até Jack e beijei sua bochecha pálida. O garoto apenas sorriu brevemente.

— Boa noite. — Desejei-lhe num tom baixo.

— Boa noite, Su.

— Boa noite, Luca. — Virei-me para ele.

— Sonhe com os anjos.

Ou com um anjo.

Paralisei nesse momento. A voz dele saíra em alto e bom tom, só que em minha mente! Claro, em se tratando de um anjo caído e depois de tudo que eu havia passado, não devia ter ficado admirada com aquilo, mas fiquei. Luca estaria tentando dizer que me daria um sonho?

Não que eu quisesse esconder qualquer coisa de Jack, mas não esbocei nenhuma reação para que ele não me fizesse nenhuma pergunta, apenas me virei e fui em direção à porta de madeira pintada de branco ao lado do banheiro. Abri a porta e a fechei logo que entrei no quarto. Observei o cômodo, que era pequeno. Havia nele uma cama de casal, com lençóis escuros e muito amarrotados. Um guarda-roupa de tamanho médio, de madeira escura e um baú aos pés da cama, da mesma cor. Observei a janela de madeira, esta estava fechada e sua tinta -marrom- estava descascando, baixei o olhar e encontrei uma poltrona bege, que me pareceu ser macia e aconchegante. Fui até a cama e ajeitei os lençóis, deixando-os perfeitamente arrumados. Abri as portas do guarda-roupa, procurando por alguma coberta, encontrei apenas um edredom macio.

— Ora, ora, quem diria... — Disse eu, quase sorrindo.

Dentro do guarda-roupa havia poucas roupas, apenas quatro ou cinco camisetas de manga comprida e algumas de manga curta, todas em tons que variavam do preto e cinza ao azul, e todas perfeitamente dobradas dentro do móvel. É claro que minha maldita curiosidade não me deixou parar por aí, abri uma das gavetas e encontrei cuecas -somente pretas, cinzas, azuis ou brancas- e meias. Fechei esta gaveta e abri a outra, que guardava algumas poucas calças jeans, todas escuras.

Incrível, tudo arrumado. Talvez mais arrumado que meu guarda-roupa, algumas vezes.

Suspirei e bocejei, mal acreditando que dormiria na casa -cama- de Luca. Era tão estranho. Fui até o interruptor que ficava ao lado da porta e apaguei a luz, o que não adiantou muito, pois a luz do lado de fora atravessava o vidro da janela e adentrava no quarto. Deitei-me e me cobri com o edredom fofo. Seria difícil dormir sabendo que Luca e Jack estavam na sala sozinhos. E se os dois tornassem a discutir ou coisa pior? Eliminei todo e qualquer pensamento desse gênero da minha mente, e voltei toda a minha atenção para o que Luca havia dito -em minha mente: Ou com um anjo.

Sim, eu fiquei extremamente intrigada com essas palavras. Eu desejava que ele me desse um sonho. Estava ansiosa por isso.

E esse foi um dos motivos pelo qual demorei uma eternidade para dormir. O desejo de tocá-lo estava me consumindo. E o que não estava me ajudando nenhum pouco era sentir o leve perfume de hortelã no travesseiro dele, era demasiadamente bom. Passaram-se longos e tortuosos minutos até que alcancei um alto grau de sono e consegui dormir.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora