(29) Apaixonados

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— Não acho que me cansarei tão logo. — Respondi.

Beijei Luca com grande intensidade, para mostrar a ele o quanto eu o queria. Ele retribuiu o beijo com a mesma magnitude.

— Ficou linda com o vestido.

— Obrigada... — Olhei-o, ele fitava o céu. — Luca?

— Sim?

— Ana me contou... sobre meu irmão.

— Eu já imaginava.

— O que não entendo é... Por que eu não sou uma nefilim?

— Ana lhe contou sobre o que acontece quando a criança tem o coração tendido ao mal?

— Sim, mas acha que são apenas boatos...

— Não são... Mas a vida muda as pessoas, um nefilim que nasce com o coração mal, e não morre, apenas perde o poder, pode ter seu coração transformado ao longo da vida. Assim como aquele que nasce puro, pode ter sua alma corrompida em algum momento. — Encarou-me. — Vou deixá-la dormir.

— Não... Quero ficar aqui.

— Estou dormindo agora, Susana. Se eu continuar aqui, não há como permanecer perto da sua casa

— Tudo bem.

Luca apenas me beijou rapidamente na testa e a começou desaparecer.



Scarlett lambia minha mão quando acordei. Virei-me para o lado e encarei seus olhinhos escuros, e ela balançou levemente o rabo.

— Essa sua mancha ao redor do olho é tão linda, meu amor.

Luca havia terminado o sonho para que eu dormisse, mas sinceramente? Eu já havia perdido o sono quase completamente quando acordei. Levantei-me, peguei meu celular para checar mensagens, não havia nenhuma, e este marcava exatamente 4h no topo da tela luminosa. Acendi a luz e fui até a janela, depois de abri-la, apoiei-me no peitoral. Decidi esperar Luca aparecer, mas algo me dizia que ele não ficaria tão perto da minha casa a ponto de eu conseguir vê-lo. Percebi uma silhueta em meu portão, mas era um pouco longe, então, mesmo estreitando os olhos, não consegui distinguir se era uma mulher ou um homem. A pessoa permaneceu mais alguns segundos e foi embora. Não poderia ser Luca, afinal, por que ele faria isso?

Senti medo.

E se fosse Devon? Luca com certeza ainda não havia chegado ali. Fechei a janela rapidamente e, como uma criança, deixei a luz do quarto acesa e enfiei-me embaixo do edredom, que estava me servindo como uma boa muralha contra o que quer que estivesse espreitando a casa. Tentei pensar em coisas positivas, lembranças da minha mãe, de Lisa e de Luca... Continuava com medo, mas por sorte, consegui pegar no sono depois de alguns minutos.

                                            ***


— Como assim Luca não vai mais dar aulas pra gente? — Questionou-me Lúcia na aula de Literatura.

Nós esperávamos o novo professor, se tivessem arranjado um a tempo.

— Ele se envolveu amorosamente com uma aluna, então decidiu deixar a escola. É claro que era sua obrigação fazer isso.

— Relaciona... Su! Não acredito! — Ela soltou um gritinho de alegria. — Isso é sério, sua vaca? Por que não me falou antes?!

Eu sorri ao ver sua alegria.

— Não pude falar antes, esqueceu que fui fazer o tal curso? — Menti.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora