(36) A masmorra

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— Hector, pare com isso! — Pedi, afastando-me dele.

— Você não quer que eu pare.

— Pare de falar por mim, você não sabe de nada.

Hector suspirou e jogou-se na cama novamente, e ficou me encarando.

— Ao menos sabe onde seu namoradinho está?

— Suponho que ele esteja aqui.

— Supõe? Você é mesmo louca. Decide vir para o Inferno, e começa a trabalhar no castelo de Devon, alguém que a odeia... só para constar Atrevo-me a perguntar... tudo isso por amor?

Encarei-o.

— Não.

Os olhos do demônio sorriram.

— Ah, Leãozinho, já disse que é uma pena ser humana?

— Sim, Hector, você já disse isso. — Respondi, sem olhá-lo. — Bem, agora tenho mesmo que ir. — Avisei, já caminhando até a porta.

— Já que quer tanto ir, vá. — Ele andou ao meu lado. — Procurarei seu precioso Luca, e já o adiantarei de que você não está mais disponível.

Idiota, eu nem posso ficar com ele.

Apenas revirei os olhos e saí do quarto. Assim que fechei a porta atrás de mim e parei no corredor vazio, senti um vento frio vir de encontro a mim, como se quisesse me fazer voltar para dentro do quarto.

Mas não volto mesmo!

Eu havia me esquecido do espanador, mas decidi não voltar, pois Hector pensaria que eu o deixara lá de propósito. Comecei a caminhar rapidamente pelo corredor, temendo ser vista por alguém que não devia me ver ali. Eu realmente esperava que o quarto de Devon não ficasse naquele local, mas em algumas das altas torres que o castelo possuía. Desci a escada de mármore calmamente, e felizmente, nenhum guarda sequer olhou para mim. Continuei meu trajeto até a porta do quartinho que servia de vestuário. Leonora estava lá, terminando de guardar um uniforme num dos armários.

— Olá! — Cumprimentou-me ela, sorrindo.

— Oi, Leonora.

— Sabe de uma coisa? Acabei de perceber que não sei o seu nome, nem mesmo Madame Isabel perguntou...

O que foi bom, e você agora pode estragar tudo!

— Meu nome é Lisa. — Improvisei.

— Lisa? Que coincidência!

— Por quê? Tem alguma irmã que se chama Lisa? — Perguntei, sorrindo, realmente curiosa para saber o motivo da coincidência.

— Não, é que Lisa é a rainha. Foi eleita há alguns meses. Acho que é... Lisa Bontempo. Sim, é isso.

Meu coração gelou.

— Lisa Bontempo? — Indaguei com dificuldade.

— Sim, é uma mulher loura, muito bonita por sinal... — Disse Leonora, ainda sorridente.

Nesse minuto, foi inevitável, eu cambaleei um pouco para trás, minha visão começou a enegrecer, e só me lembro do baque do meu corpo contra o chão.

— Su, acorde, Su...

Uma mão fria dava leves tapinhas em minha bochecha. Abri os olhos e encarei o rosto preocupado de Ana.

— Ana?

Levantei-me ainda um pouco tonta.

— O que aconteceu? — Perguntou ela.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora