(34) Encurralada

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— Temos... — comecei. — Temos que achar a fênix de alguma forma, e levá-la até Luca. Eles precisam... ficar...

Não consegui terminar, a dor em meu peito era maior do que tudo.

Eles precisavam se apaixonar. Mesmo que Luca não pertença a mim, não posso deixar que a fênix o mate, tenho que uni-los.

— Susana... — Disse Jacó, vendo-me chorar silenciosamente. — Pode ser que essa história seja uma grande mentira.

— Agora, temos que encontrar uma maneira de infiltrá-la no castelo... — Caroline me encarou. — Aliás, o que realmente aconteceu entre você e Devon?

Decidi que deveria confiar nela. Então, contei-lhe sobre tudo o que havia acontecido em minha vida três meses antes. Contei-lhe sobre como conhecera Luca, e sobre o lugar no qual ficara presa com Devon e Ana. Revelei a ela o modo como escapei dele também, afinal, se não fosse Ana, eu provavelmente não estaria ali naquele momento.

— Não entendo... — Santiago se manifestou.

Voltei-me para ele.

— O quê?

— Por que Devon não a matou? Tenho certeza de que não foi por pena.

— Eu não sei.

— Acha que se ele a visse, não tentaria matá-la?

Pensei por um instante.

— Sinceramente? Acredito nisso. Devon não se manifestou durante várias semanas, acho que desistiu. Porque, na verdade... não fizemos nada muito ruim contra ele.

— Desistir não é algo que aquele canalha faça com frequência... — Comentou Jacó.

— Não foi tão ruim... — Santiago me observou. — Só o humilharam.

Levantei-me e olhei os três que estavam na sala, um por um, vendo seus olhos de preocupação atravessarem minha alma.

— Irei atrás de Luca... Não sei o motivo, mas de alguma forma sei que ele está com o pai. Tenho que avisá-lo sobre a maldição.

— Admiro sua coragem, menina, mas repugno sua tolice. Não sabe onde está se metendo. — Santiago disse, num tom tão baixo que tive de me esforçar para entendê-lo.

Sem me importar com esse comentário, saí da casa em disparada, eu tinha que avisá-lo! Alguns segundos caminhando rapidamente, senti uma mão fina segurar meu braço direito.

— Jacó... Fique lá.

— Não, temos um acordo, lembra? — Disse-me ele, sorrindo.

Foi impossível não sorrir de volta. Eu não estava sozinha, afinal.

— O que faremos, então? — Perguntei, ligeiramente impaciente.

— Pensei numa coisa... e se você começasse a trabalhar no castelo?

— Mas como? Devon me reconheceria...

— Não, porque há uma governanta no castelo que pode nos ajudar.

— Mas ela é confiável?

— Ela não precisa saber quem é você.

Jacó e eu caminhamos durante longos e longos minutos até o castelo de Devon. Este era realmente esplêndido, parecia mais um castelo militar, na verdade, do que residencial, pois possuía várias torres. A entrada era apenas um portão enorme de madeira velha, e não tinha uma ponte levadiça, como eu imaginava que teria. O castelo em si parecia ser feito de pedras, e era, com toda a certeza, muito belo. Não tinha como negar. A porta estava aberta, e nela havia dois guardas -obviamente demônios- parados um de cada lado, eles nem sequer olharam para nós quando entramos, talvez por não acharem que dois humanos indefesos representariam alguma ameaça ao seu senhor.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora