(13) Nova amizade?

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Narrado por Luca




Devo estar andando em círculos!

Olhei ao redor. De algum modo, eu sabia que já havia passado por ali. Meu perseguidor não havia se manifestado ainda, apenas mantinha uma certa distância, que provavelmente acreditava ser segura. Alguns minutos se passaram e eu ouvi uma risada abafada atrás de mim.

— Sabe que está andando em círculos, não é? — Jack zombou.

— Pelo menos não sou eu quem está procurando Susana com as pernas de outra pessoa. — Retruquei, virando-me para o garoto.

— Estou atrás de você há quase uma hora.

— Eu nem tinha percebido.

Ele revirou os olhos.

— Você é como Devon. — O nefilim disse com firmeza, despertando-me, pela primeira vez, um sincero interesse no que ele tinha a dizer.

— Como conhece Devon?

Jack balançou a cabeça negativamente.

— Isso não importa.

Eu me aproximei do mestiço, evidenciando meu interesse naquele assunto, além de estar curioso para saber como ele conhecia meu pai.

— O que você sabe sobre anjos caídos, Jack?

— Sei que merecem morrer.

— Admiro sua coragem. Mas... e um nefilim? Ele também deve morrer por ser a prole de um demônio? — Encarei-o. — Acho que sabe quem eu sou.

— Você caça pessoas como eu. E, nesse momento, provavelmente sou eu a sua presa.

— Exatamente... Mas, quero propor um acordo: primeiro, vamos achar Susana, depois, eu mato você.

Se o garoto de olhos dourados se abalou com o que eu acabara de dizer, não demonstrou, o que o fez subir alguns pontos comigo pela coragem.

— Já pensou na hipótese de Ana ter mentido? — Indagou.

Então, ele viu tudo...

— É claro que já. Mas é melhor para ela que tenha dito a verdade.

Eu observei o lugar ao nosso redor novamente, estava anoitecendo. O que era bom, pois durante o dia seria muito mais fácil alguém notar um ser voando por sobre o bosque, já durante a noite, eu poderia fazer o que mais gostava sem nenhum impedimento.

— O que vamos fazer? — Jack tornou a me importunar com seu tom de voz audaz.

— Você faz muitas perguntas. — Respirei fundo. — Vamos esperar que anoiteça completamente.

— Por quê? — Ao me ver encará-lo furioso, continuou: — Susana pode estar em perigo, temos que ir logo!

— Vá, se quiser.

Jack passou uma das mãos entre os cabelos.

— Droga... — Ouvi-o resmungar.

Seria possível que ele fosse mesmo tão tolo?

— Será que não percebeu o que este lugar está fazendo?

— Na verdade, não.

Eu o fitei com profunda descrença.

— Acha que se eu percebesse que estava andando pelo mesmo caminho, teria continuado várias vezes? Ele nos faz pensar que estamos andando por caminhos diferentes, mas, no final, sempre chegamos aqui.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora