(25) Uma nova moradia

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— O que faremos, então? — Perguntei às duas garotas na sala.

— Não sei... — Respondeu-me Luma. — Mesmo que estejamos preparados, não podemos fazer nada, pois é Devon quem deve nos procurar, afinal, talvez ele desista de matar o próprio filho.

Nessa hora, Ana tirou as sapatilhas pretas que usava, ficando com os pés descalços como no dia em que a conheci.

— Então... — Comecei a dizer, frustrada. — Esperamos?

— Esperamos. — Ela concordou.

— E essa história deles serem irmãos? — Luma nos encarou. — É mesmo verdade?

— Claro que sim. — Ana afirmou.

— Luca não vai aceitar isso...

— Ele não tem que saber... — Sugeri. — Pelo menos por enquanto... E, Ana, não entendi muito bem sobre essa tal fênix de Lúcifer.

— Sabe o que é uma fênix, certo?

— Sim.

— Lúcifer tinha uma, seu nome era Fae, ela era a melhor em batalhas, melhor até que alguns dos seus soldados. Dizem que Fae segurava vários inimigos pelas garras e os lançava nas chamas do Castelo das Trevas. E, antes que me pergunte, aquele papo de "chamas do Inferno" é meio verdade. É uma espécie de abismo, cujas chamas são negras e... consomem quem nelas é atirado.

— Meu Deus...

— Mas, ao contrário do que muitos imaginam, o Inferno não é um lugar horrível, onde só há dor e sofrimento, é como uma cidade, na verdade.

Eu ri um pouco.

— Uma cidade? Já esteve lá?

— Sim... Há a cidade, onde moram demônios e até mesmo humanos, o Castelo das Trevas... que é a morada de Devon, e o Damnatorum.

Nessa hora, um trovão ecoou no céu. Onde estaria Jack? E Luca?

— O que é isso? Damna...

— Damnatorum. — Luma completou para mim. — Eu nunca estive no Inferno, mas Luca já me falou sobre esse lugar... é onde as almas dos humanos são levadas.

— Sim, almas de humanos que são considerados malfeitores na Terra. — Ana nos contou. — Assassinos, estupradores, por exemplo... quando morrem, seus corpos se tornam pó, mas sua alma é condenada a vagar para sempre em Damnatorum.

— E como é lá? — Eu estava curiosa.

Ela arqueou as sobrancelhas e respirou fundo.

— Eu nunca estive lá, mas dizem que é um ambiente vazio, sem vida... literalmente. Não há cores, ou luz. É só um mundo cinzento e frio, onde não há nada para se fazer, acredito que a monotonia eterna seja a pior parte para eles... É como se o próprio lugar sugasse a alegria de quem para lá é condenado.

— Resumindo, não é um lugar onde eu queira passar minhas férias. — Brinquei, tentando aliviar a tensão.

— Exatamente. — Ana sorriu.

— Ei, conte o que aconteceu ontem! — Luma me olhou com expectativa enquanto colocava os pés sobre o sofá.

É claro que ela estava se referindo a mim e a Luca.

— Ah, sobre isso... Eu não ia dormir com ele, mas...

— Você dormiu com Luca? — Perguntou Ana, boquiaberta.

— Não aconteceu nada, só... um beijo.

— Um? — Indagou, ligeiramente maliciosa.

— Alguns... — Respondi, sabendo que já estava corada. — Mas, não foi só isso...

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora