(22) Adeus, asas

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— Ele não pode lutar... — Jack comentou.

— Claro que pode. — Luma disse em tom de ironia. — Já vi os dois lutando uma vez, Luca ganha sem esforços.

— Sebastian já sabia o ponto fraco dele?

Luma franziu a testa.

— Ponto...? Ah, não... — Sussurrou.

— Do que vocês estão falando? — Perguntei, impaciente.

— Se Sebastian decidir lutar como um cretino, usando certas lembranças, a pessoa não tem chance alguma contra ele, como Luca não tem agora.

Eu não fazia ideia do que estavam falando, mas de uma coisa eu sabia: tiraria Luca de lá de qualquer maneira.

— Faça alguma coisa, por favor! — Pedi à Luma.

— Não posso fazer nada. É proibido interromper um jogo. — Respondeu-me, seus olhos demonstravam preocupação.

— Droga!

Fitei o campo de terra, Luca desviava de alguns golpes de Sebastian com uma aparente facilidade, mas, de repente, seu adversário o derrubou e, com uma velocidade impressionante, pisou em seu braço direito. Ele se contorceu um pouco e puxou a perna de Sebastian, que também caiu, depois, o anjo de olhos negros se levantou e tirou a camisa. Ele iria voar. Sebastian o encarou do chão, e quando se virou, pude perceber, mesmo de longe, que havia uma grande cicatriz em suas costas largas, uma cicatriz no formato de um "v".

A plateia gritava, e a música continuava a tocar.

— Acabe logo com ele! — Luma gritou.

Nessa hora, uma nuvem negra passou pelo campo, onde Luca pairava no ar como um pássaro. A nuvem era como um grande manto que parecia ser feito de fumaça. Repentinamente, não havia mais um anjo acima de Sebastian, havia ali um ser todo coberto de penas, com grandes garras e uma cabeça de dragão.

Eu precisava ver aquilo de perto.

Então, sem pensar duas vezes, desci os degraus da arquibancada entre os anjos caídos, ou nefilins... Não me importava com isso, na verdade. Poucos deles xingaram, a maioria apenas reclamou um pouco. Mas eu não estava dando a mínima para isso, também. Cheguei ao campo, e logo Luma e Jack estavam ao meu lado. O que eu via era uma imensa ave investindo contra um demônio extremamente amedrontado.

— É tudo uma ilusão! — Sebastian gritou, embora não parecesse muito certo disso.

Nessa hora, uma risada assombrosa saiu do animal.

— Não. É real. — Luca lhe afirmou, sua voz soou grave e apavorante.

Sebastian começou a se afastar, mas então, Luca -animal- voou até ele e o pagou com as garras, estas provavelmente estavam cravadas nos ombros do anjo caído, que gritava de dor. A multidão de espectadores estava em êxtase, apoiando o que estava acontecendo e incentivando Luca a fazer mais.

Mas, como vitórias quase sempre duram pouco, subitamente, Luca soltou Sebastian há, pelo menos, quatro metros de altura, e os dois caíram. Eu não entendia o que estava acontecendo. Sebastian se levantou e encarou o grande animal no chão, e este parecia estar paralisado. As pessoas se silenciaram, pois obviamente também não estavam compreendendo aquilo. Luca encarou seu adversário, que mancava, dando uma risada maléfica.

— Tarde demais. — Jack murmurou, parecendo realmente frustrado.

— O que está acontecendo? — Indaguei, desesperada.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora