(37) Batalha final

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— O que foi, Su? — Perguntou Jack, parando ao meu lado.

Então, o nefilim olhou para dentro da cela, e ficou paralisado. Corri para dentro do pequeno espaço, no qual só havia uma cama feita de ripas e alguns poucos tecidos por cima. Agachei-me ao lado do corpo imóvel no chão. Era ele.

Era Luca.

— Luca... — Sussurrei em meio às lágrimas, e toquei-o apesar de estar tremendo.

Segurei sua cabeça com delicadeza e a apoiei em meu colo.

— Meu Deus... — Luma se abaixou para ficar ao meu lado.

Ela também já estava chorando. Beijei Luca suavemente em sua testa, mas ele nada fazia além de encarar o teto de pedra acima de nós. Seus olhos negros, agora paralisados, nada mais demonstravam do que um temor profundo e uma dor imensurável.

— Por favor, Luca... — Implorei, engolindo lágrimas que escorriam sem parar pelo meu rosto, depois o beijei nos lábios. — Por favor, não me deixe...

Seria aquele o fim?

Luma, Jack e Ana continuavam parados, apenas nos observando, talvez não tivessem certeza sobre o que poderiam fazer. É claro que devíamos tirar Luca dali, mas eu simplesmente não conseguia soltá-lo. Luma, então, afastou-se um pouco. Ergui Luca com dificuldade, para que ele ficasse com o rosto frio encostado na curva do meu ombro. Observei suas costas, das cicatrizes do anjo caído, um líquido vermelho e brilhante escorria.

— Su... — Chamou-me Ana. — Temos que tirá-lo daqui.

Assenti de leve com a cabeça, depois o abracei com suavidade, temendo machucá-lo. Notei que minhas lágrimas escorriam pelas costas dele, traçando linhas frias por seu corpo. Fechei os olhos fortemente, tentando impedir um choro ainda maior.

— Eu amo você... — Sussurrei.

Nesse mesmo instante, uma luz dourada começou a surgir de suas costas. Parecia algum tipo de magia. Havia tantos fios de ouro nascendo de sua pele... De repente, lá estavam as asas dele renascendo. As sublimes asas de Luca, grandes, volumosas e sem brilho, preencheram quase que completamente a cela, e estavam envolvidas por uma luz dourada resplandecente. Então, esse brilho foi se esvaziando aos poucos, e Luca me encarou.

Seus olhos brilhavam novamente. Fiquei completamente sem reação.

— Fae... — Sussurrou Ana, boquiaberta.

— O quê? — Indagou Jack.

— Fae! Susana, você é a fênix!

Luca olhou para os dois anjos e o nefilim, sem entender.

— Eu não sou a fênix, Ana. — Respondi com firmeza.

— Claro que é! — Ana exclamou, com um sorriso tão largo que quase sorri também. — Uma vez li em Harry Potter que lágrimas de fênix têm poder curativo, mas nunca imaginei que fosse mesmo verdade. Suas lágrimas caíram sobre as cicatrizes de Luca e as asas dele nasceram de novo!

Luca se levantou, e colocou-me de pé à sua frente. Encaramo-nos.

— Eu não posso ser... — eu mesma me interrompi.

— Você é corajosa o bastante para ser, Susana. — Luca me fitou.

As lágrimas começaram a cair novamente.

— Não! — Respondi, desesperada. — Eu não posso!

Ele não entendia o motivo, mas se eu era mesmo a fênix de Lúcifer, deveria amar ou matar Luca. Eu já o amava, pelo menos achava que sim, entretanto, Devon ainda estava vivo. Ou seja, restava-me apenas a segunda opção.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora